Superação real (publicado originalmente em 3/6/2017)

Um filme passou meio batido pelo cenário brasileiro nestes primeiros meses do ano. É ‘Loving’, cujo lançamento foi ano passado, no Festival de Cannes. Trata-se de mais um produto americano sobre os negros e a batalha pelo fim do racismo nas décadas de 1950 e 1960.

Neste caso, é a história real entre o casal Richard (Joel Edgerton) e Mildred Loving (Ruth Negga), interracial – ele branco, ela negra – que são presos em junho de 1958 por terem se casado. Jogados na prisão e exilados do estado onde viviam, lutam pelo matrimônio e o direito de voltar para casa como uma família. Confesso a vocês a minha ignorância sobre Edgerton e Negga, indicada ao Oscar de melhor atriz, além do jovem diretor Jeff Nichols, de 38 anos. A fita não compromete em nenhum aspecto.

Regular, sóbria e discreta, tece sob o roteiro, também escrito por Nichols, ares de folhetim cor-de-rosa. Não fosse por ser a história real, talvez passasse distante pelo excesso de sofrimento e as lágrimas. Em ‘Loving’, a esfera racial se acha subitamente por debaixo dos panos. As atuações dos dois protagonistas dão ao longa qualidades autênticas de que uma boa direção ocorre naqueles instantes.

A fotografia pálida ajuda na construção do script, por exemplo. Neste, a religião passa longe e é bom que seja assim. Nichols maneja bastante bem as dificuldades de impor o silêncio ao espectador. São alguns momentos em que o único ruído a se escutar é o da respiração dos personagens. É mais ou menos como escrevi há duas semanas: teatro filmado, principalmente quando o time é bom e o público sente o entrosamento.

Tanto Negga como Edgerton estão em sintonia com o diretor Nichols. ‘Loving’ veio junto com ‘Um Limite entre Nós’, ‘A 13ª Emenda’ e ‘Eu não Sou seu Negro’, estes dois últimos documentários acerca do preconceito racial e as lutas para se combater tal excrecência. ‘Loving’, é claro, não foi exibido nos grandes centros, nem tampouco pelo Vale do Paraíba. A internet é um lugar onde tem a disponibilizada desta obra, seja por meio de serviços de demanda, como em download.

É um longa-metragem que vale a pena ser visto a se compreender parte da história dos Estados Unidos, que ainda reflete um pouco em torno da Terra.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 01/06/2017
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