BELEZA ARTIFICIAL

Um dia, num passado já bem distante, você estreou aquela roupa com aquele sapato e tudo caiu tão bem em seu corpo! Havia uma perfeita sintonia com aquele corte de cabelo tão “descolado” que estava tão em voga. Você conseguiu ser mais uma estrela naquela festa inesquecível. Sentiu-se bem, atraindo muitos olhares de cobiça. Mas, o mundo deu suas voltas e o que outrora fora lindo, eternizado em fotografia, arrancou dos mais jovens risos e pilhérias. O mundo continuou girando... até que, de repente, o que parecia ridículo, cafona, horrível, e que arrancou zombarias, volta ao cenário e começa a ser o sonho de consumo da mocidade.

Às vezes, o tempo nos torna ridículos nas fotos, mas a moda, recurso que dá um “Up” na aparência e, por conseguinte, na autoestima, tem suas idas e voltas.

Alguém pode até achar que as roupas dos velhos tempos não eram lá tão bonitas, mas, todos têm que concordar que, antigamente, só aparecia bonito nas fotografias quem era verdadeiramente agraciado pela natureza.

Hoje, a beleza pode ser atingida com recursos artificiais como a cirurgia plástica. A dentição imperfeita ganha, em pouco tempo, um novo contorno com os mágicos aparelhos ortodônticos que se popularizaram tanto nestas duas últimas décadas. Todos desejam ter dentes branquíssimos, perfeitamente alinhados para não ter vergonha na hora das fotos. O sorriso perfeito das celebridades é sonho de consumo de muita gente. Os cabelos também recebem tratamentos incríveis, sobrancelhas são redefinidas com técnicas impressionantes e o mercado da beleza não para de descobrir produtos mirabolantes e eficazes. E, além de tudo, há a mágica do fotoshop. Tudo é alterado, ainda que minimamente: luz, cor, fios de cabelo, linhas de expressão, tamanho e até formato das unhas, dentes, defeitos da pele, tamanho da boca, cor e contorno dos lábios, cor dos olhos e intensidade da cor, tamanho do pescoço, polegadas a mais nos quadris; enfim, nada escapa. Tudo para alcançar a perfeição.

Num tempo não muito distante, não existiam as selfies e ninguém ficava fazendo caras e bocas. Nenhuma mocinha em sã consciência se arriscava a fazer aquele biquinho “duckface” ou “cara de pato”, tentando ter charme de modelo; pois diante da câmera que não era digital, a pessoa tinha que ser o mais natural possível; afinal, só podia contar com o talento do fotógrafo, que só tinha a seu favor a qualidade da câmera, o tempo, o ambiente, o tema, a emoção e, claro, a luz; ingrediente principal. Era necessário esperar vários dias para que as fotos fossem reveladas. E quando o fotógrafo não tinha muita experiência o filme ainda queimava.

Atualmente, só fica feio quem é pobre. Quem tem dinheiro para investir em sua aparência consegue verdadeiros milagres; transformações outrora impensáveis. Claro que a busca exagerada pela beleza pode também gerar aberrações. O fato é que o mundo está cheio de belezas e de poses artificiais.

Vale a pena ver imagens antigas do cinema, pois a sétima arte é uma das maiores vitrines da beleza e quando assistimos aos filmes antigos é que descobrimos o que é de fato beleza natural.

Márcia Haidê Gomes da Silva
Enviado por Márcia Haidê Gomes da Silva em 03/06/2017
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