O Antológico debate político

O artista anticapitalista apresentou a sua obra num banco.

O japonês liberal que há míseros quatro meses associou em vídeo boicote a censura disse que boicote nunca foi censura.

A militante que protesta contra mulheres de biquíni em propagandas de cerveja virou a maior defensora da liberdade de expressão.

O mal humorado que reclama das piadas de um show de stand up comedy defendeu mais leveza da humanidade.

O jornalista que regula o que se deve vestir nas fantasias de carnaval acha que o mundo deve ser mais desencanado.

O tolerante religioso que protesta contra manifestações cômicas ao candomblé disse que não viu nada demais.

O simpatizante das capas do Charlie Hebdo viu agora profanação religiosa.

O defensor dos animais fingiu que não sabe de nada.

O militante LGBT que se enfurece toda vez que é associado a aberrações como a zoofilia declarou que a exposição é progressista.

O crítico que se manifesta contra o blackface em peças de teatro decretou que não há limites para a expressão artística.

A comunidade artística que faz boicote para a não exposição de obras de arte de direita em festivais de cinema, disse que boicotes para a não exposição de obras de arte é violação aos direitos humanos.

O debate político brasileiro não é mesmo para amadores.

(Rodrigo da Silva)

Gary Burton
Enviado por Gary Burton em 13/09/2017
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