Crente ou cristão tanto faz (Gl 3.9; 3.22; Tg 2.19)

Muitos são os que refutam o fato de outras pessoas serem denominadas por outrem de “crente” ou se autodenominarem assim. Como se houvesse uma supremacia de um rótulo sobre outros. Tal é o que ocorre entre aqueles que dizem que o correto é denominar-se ou serem denominados de “cristãos”, pois, cristãos são os seguidores de Cristo, eles são os “pequenos cristos” (falando literalmente).

Pra começo de conversa, nem sempre é o rótulo que resolve.

Aprendemos em Atos 11.26 que, foi em Antioquia que os seguidores de Cristo foram pela primeira vez chamados de “cristãos”. Aliás, ali eles foram apelidados pelos gentios (não judeus) com essa alcunha. Eles eram simplesmente discípulos de Jesus Cristo, aquele que nasceu em Belém da Judéia, foi criado em e considerado como natural de Nazaré – uma pequena vila insignificante da tribo de (Naftali? Ou Zebulom?), depois elegeu Cafarnaum como sua cidade predileta (ou seu QG natural), pelas muitas vezes que se hospedou e passou muitas temporadas ali – onde também realizou muitíssimos milagres (realizando também em duas outras cidades denominadas de impenitentes: Corazim e Betsaida), ou seja, em Cafarnaum efetuou mais milagres do que em outros lugares.

O nome discípulo, no singular ou no plural ocorre, no NT 243 vezes, mas cristão, somente 03 vezes. Por aí se vê, que os escritores do NT nada disseram sobre o fato de cristão ter que prevalecer sobre qualquer outro nome. Ninguém reclamou ou chamou a atenção para si, dando o relatório de que cristão aparece muito poucas vezes!

Vamos então, cotejar alguns textos bíblicos que versam sobre o assunto e tentar trazer algumas lições sobre o tema.

Em Lucas 1.45, lemos aquela palavra de Isabel, que esta disse a respeito da fé de Maria, mãe de Jesus: “Bem-aventurada aquela que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas”. Em outras palavras, Isabel denomina Maria, por inferência, de crente. Quem crê no Senhor é crente. Maria, sendo assim denominada por Isabel, não fez questão de dizer em lugar algum que, melhor seria fosse chamada de cristã. Nada reclamou quanto às palavras de Isabel. Todos sabemos que ela era judia, da religião judaica e, depois que creu nas palavras que o anjo lhe havia anunciado acerca do nascimento de seu filho primogênito, passou a professar o cristianismo. (Foi nesta oportunidade que ela declarou haver eleito Deus como o seu Salvador, conforme está dois versos a seguir – Lc 1.47).

Paulo, escrevendo aos Efésios, faz bastante uso da expressão “em Cristo”: (1.3) “abençoados em Cristo”; (1.4) “nos elegeu nEle”; (1.11) “em Quem fomos feito herança”; (1.12) “nós, os que primeiro esperamos em Cristo”, etc.

Fui pastoreado por um certo pastor NSRB que sempre pregava que devemos ser “crentes em Cristo Jesus”.

Os que tentam desvalorizar o fato de muitos serem chamados ou se denominarem de “crentes”, muitas vezes citam o texto de Tiago (Tg 2.19), acrescentando os seguintes comentários: “Crente! Até o Diabo é crente!” Mas, esquecem-se de completar o sentido do texto (ou pelo menos lembrar) que a crença do Diabo, além de falsa, é precária, porque Ele é “crente” pela metade, não é um “crente” completo. Ele o é, intelectualmente, sabendo apenas que Deus existe. Ele não obedece, apenas estremece – diz o texto de Tiago, o irmão do Senhor Jesus. Mas, o interessante é que ESSA CRENÇA PRECÁRIA DO DIABO É AINDA SUPERIOR À DO ATEU, ou seja, a Teologia do Diabo é mais adiantada do que a do ateu. É que o Diabo sabe e tem plena consciência, acima do ser humano, pois Ele esteve perto de Deus nos páramos celestes, QUE DEUS É REAL, existe e um dia, como já prometeu, irá puni-Lo. (Confira em Apocalipse 12.12).

Antes de terminar quero mencionar TRÊS TEXTOS: o primeiro, trata-se de uma citação da “História da Igreja”, de Everet Ferguson, vol. 1, p. 421 – Editora Central Gospel, sobre o termo aqui focalizado, dizendo que “o primeiro missionário a visitar os irlandeses foi PALÁDIO, enviado pelo papa Celestino, em 431 d. C., para trabalhar entre “os irlandeses crentes em Jesus”. Paládio antecedeu o missionário Patrício (389-461). (Veja como um dos Historiadores sérios também usa o termo que era também usado lá nos primórdios do cristianismo).

O segundo texto que quero citar é o de Paulo, escrevendo aos Gálatas (Gl 3.9), que diz: “De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão”.

E, ainda, o terceiro texto, está em Gálatas (Gl 3.22), assim: “Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes”. (Todos os itálicos foram acrescentados por mim).

Resumo: não é errado e nem menos significativo usar um termo como se este (crente) fosse inferior ou de menos sentido do que outro (cristão). O que vale é em quem somos crentes! Em que está alicerçada e minha fé! Isto é que conta!

Rive (ES), 19 de setembro de 2017.

Fernandinho do forum