A Fronteira e seu papel de falso paradigma

Fronteira? Palavra ampla, com um requinte de crueldade em sua essência, quando tratada em âmbito físico-político. Termo "chave" para a concretização de interesses imperialistas e expansionistas, é também conhecido estopim de conflitos que envolvam o derramamento de sangue, majoritariamente, de inocentes e oprimidos. Mas, entretanto, esse texto não trata dos conhecidos conflitos e suas conseqüências: trata de conflitos que são muitas vezes silenciosos, surgindo como imponentes realidades imutáveis.

Realidades imutáveis na aparência, mas que podem ser voláteis no conteúdo; paradoxos que já se tornaram falsos paradigmas, que podem ser alterados com a eliminação das fronteiras, sociais e morais, que impedem a concretização e o estabelecimento da igualdade entre os povos no mundo inteiro. É fato que a sociedade atual impõe uma série de fronteiras a todos aqueles que se encontram à margem da mesma, não só através do conhecido processo de favelização, mas também de várias outras maneiras, seja no preconceito racial, seja no preconceito sexual; mas, por que não podemos mudar isso? Acredite, esta não é uma tarefa exclusiva para visionários.

Parece incrível que no mundo atual ainda exista a separação entre "bom" e "ruim", "norte" e "sul", quando o que parece ruim pode vir a se tornar ótimo e quando as fronteiras entre norte e sul são estabelecidas de maneiras arbitrárias... Como carro-chefe dessas separações existem as pseudo-unificações, representadas pela criação de gigantescos blocos econômicos (vide União Européia): do mesmo modo que unem determinados países, separam-se espontaneamente do resto do mundo subdesenvolvido. Estas são situações que se encaixam, de certa forma, em um campo de conflitos silenciosos: cada um no seu "devido lugar", conhecendo sua respectiva função perante aos comandantes do globo, lutando de forma quase infantil para se tornarem como eles.

Existem também diversas formas de fronteiras, sejam elas fronteiras pessoais, culturais ou políticas, que também merecem ser analisadas e, muito mais que isso, serem eliminadas! Fronteira, como definido, é uma palavra ampla, e muitas análises seriam cabíveis em torno de sua importância, significados e objetivos; fronteira, na verdade, é uma grande bobagem, inventada como mero mecanismo de obstaculização da igualdade.

Termino aqui, portanto, com um desafio: pensemos nas nossas fronteiras, analisemos o que pode ser mudado. Vejamos as fronteiras que nos cercam e, se isto não for o suficiente, vamos dar uma uma olhada para o mundo. É isto o que nós queremos que perdure num futuro próximo? A mudança começa por você. Por mim. Não vamos fazer feio, han?