A LITERATURA DE CORDEL E LEANDRO GOMES DE BARROS: VIDA E OBRA

INTRODUÇÃO

Nasceu em Pombal-PB em 19.11.1860 onde residiu até os 9 anos, após o falecimento do pai, Jose Gomes de Barros Lima e de Adelaide Gomes de Barros Lima. Mudou-se com a família para o Teixeira-PB e lá morou até os 15 anos, provavelmente até 1875, sendo criado, segundo a tradição, por seu tio, o Pe. Vicente Xavier de Farias que se tornou tutor da família após a morte do pai. Antes dessa data é impossível, pois o Pe. Vicente mudou-se para o Teixeira-PB em 1846, quando começou a trabalhar na Paróquia, ajudando o Frei Bernardo Fragoso. Dessa forma, Leandro passou a viver em sua companhia e foi educado pelo padre. Após essa data, sai de casa para viver por conta própria. Por volta de 1880, os pais do Pe. Vicente vende a Fazenda Melancia em Pombal - PB, hoje, município de Paulista-PB e fixam residência em Teixeira-PB e, lá faleceram e estão sepultados.

Os folhetos Cancão de Fogo –vol.I e II, conta sua história e as aventuras que viveu, mas não creio que tudo aquilo seja verdade. a impressão que tenho é que ele somou histórias fruto de sua imaginação. No entanto, se tudo o que ele escreveu é verdade. Ele realmente foi um gênio, pois usou essa genialidade para preferir viver uma vida digna, sem enveredar por caminhos ruins.

Por volta de 1890, Leandro vai morar em Vitória de Santo Antão - PE e, lá casou com Venustiniana Eulália Aleixo provavelmente em 1892-1893, nascendo no ano de 1894 sua filha mais velha, Rachel de Barros Lima. Posteriormente, mudou-se para Jaboatão dos Guararapes-PE, na Rua da Colônia. Provavelmente, nessa época, Leandro estaria com 33 anos, pois há um lapso de tempo quanto a sua data de nascimento, variando entre 1860-1865. No final da década de 1870 inicio da década de 1880, a família da prima de sua mãe mudou-se para Palmares e logo depois, mudaram-se todos. Ficando no Teixeira a família do Padre Vicente.

Segundo a história oral de nossa família, o Pe. Vicente ficou como tutor dos bens de seus dois primos que haviam casado com duas primas, e morreram cedo. O padre deserdou a família de Leandro em favor da outra família. Revoltado, Leandro mudou seu nome para Barros. Esse fato aconteceu provavelmente entre 1875 e 1880, pois, na ocasião de seu casamento, ele já assinava Gomes de Barros como sobrenome. Em 1905, o Pe. Vicente fez seu testamento sem mencionar a família de Leandro e faleceu em 1907 no Teixeira-PB, mas os bens só foram distribuídos, conforme registra o Tabelião de Teixeira José Xavier da Silva, em 28 de Agosto de 1915, ficando a cargo do seu filho, nessa época Juiz, Dr. Antonio Xavier de Farias.

O Padre Vicente Xavier de Farias, que era professor de Latim e Humanidades, o que no passado chamava-se padre-mestre, professor da região, tendo como alunos vários ilustres personagens da época no Sertão da Paraíba. Leandro teve acesso aos livros de grandes historiadores, basta ler alguns de seus folhetos e podemos verificar a “transliteração” para o leitor popular que não tinha acesso aos livros. Provavelmente teve acesso aos poetas eruditos como Castro Alves, Gonçalves Dias, Camões ou Álvares de Azevedo, etc. Leandro conviveu com homens cultos e era um homem do seu tempo.

Leandro começou a escrever a partir de 1893. Viveu e sustentou a família unicamente de escrever e vender suas obras. Antes disso, sobreviveu fazendo de tudo.

1. A OBRA DE LEANDRO GOMES DE BARROS

Leandro conviveu com homens cultos e era um homem do seu tempo. Escreveu fazendo uma critica sobre política, sobre a história, sobre a mulher, sobre religiosos, principalmente atacou a figura dos clérigos, dos nova-seita. Aproveitou para denunciar os abusos dos coronéis, criticou as eleições, onde os votos de cabrestos eram uma constante, escrevia sobre impostos, sobre o abuso de poder dos “agentes da lei”, abordou vários episódios sobre o surgimento da República em 1889, a Guerra de Canudos durante o período de 1893-1897, registrou a passagem do Cometa Halley que assustou o mundo inteiro, com a possibilidade de colisão com o planeta em 1910. Escreveu sobre Pe. Cícero e a revolta de Juazeiro em 1914, etc. Escreve frases de Castro Alves e Gonçalves Dias. Tinha domínio da ortografia e escrevia bem. Textos como Genoveva e Jorge e Carolina são versões literárias.

Conforme afirma Marco Haurélio. Considerava-se um poeta, escritor, humorista, o termo cordelista, segundo VIANA “o termo não existia”

Um dos biógrafos de Leandro Gomes de Barros, Arievaldo Viana escreveu um artigo publicado no Acorda Cordel onde afirma que ele foi “o Machado de Assis da Literatura Popular”, ocupando a cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel - ABLC.

TERRA (1983 p. 40) afirma que Leandro começou a escrever poemas a partir de 1889, que está indicado na conclusão de “A mulher roubada, publicada em 1907”. Ainda VIANA afirma que Leandro escreveu entre 1893 a 1918 publicou mais de mil histórias, distribuídas em cerca de 500 folhetos e multiplicados por várias reedições, em torno de 10 mil edições.

Outros afirmam que seu acervo de obras ultrapassa os seiscentos títulos, publicados em mais de dez mil edições. Embora, que não há consenso sobre isto. Segundo José Tavares de Araújo Neto, em texto publicado na internet, Leandro foi, inegavelmente, o maior poeta popular brasileiro.

O que sabemos sobre a introdução da cantoria pelos cordelistas tem um ponto de partida curioso. Catulo da Paixão Cearense foi o introdutor em 1908 da viola nos salões nobres da Capital do país, o Rio de Janeiro que até então, “era considerado um instrumento usado pela plebe”e O pernambucano José Pacheco da Rocha. Ambos registram que Laurindo Gomes Maciel foi o poeta paraibano que introduziu o canto na venda declamada dos folhetos em feiras livres”

Os pesquisadores afirmam que Leandro morreu em 04 de Março de 1918, vitimado pela gripe espanhola que assolou o Brasil no início do século XX. No entanto, Arievaldo Viana escreve em artigo em 2007, Com o titulo Uma pena em defesa dos oprimidos, que o poeta e pesquisador Permínio Ásfora escreveu sobre Leandro trechos sobre sua existência, dentre eles, um fato desconhecido da nossa família. ...Apesar de folgazão, Leandro era homem de muita vergonha e de muito sentimento. Naquele já distante ano de 1918, a cadeia constituía uma humilhação. A humilhação da cadeia sucumbiu o grande trovador popular. Conta que certo senhor de engenho, “indignado com um morador, resolveu aplicar-lhe uma sova de palmatória”. Certo dia, o senhor de engenho foi apunhalado pelo mesmo morador que havia sido espancado pelo senhor. Leandro aproveitou o ocorrido e escreveu e publicou um texto com o título de O Punhal e a palmatória, que resultou em sua prisão pelo chefe de policia.

Dessa forma, tudo levava a crer na interpretação de Ásfora que, Leandro veio a falecer vítima desse inconveniente. Eis a primeira estrofe do folheto questionado:

Nós temos cinco governos

O primeiro o federal

O segundo o do Estado

O terceiro o municipal

O quarto a palmatória

E o quinto o velho punhal.

Essa foi à versão oficial, no entanto, seguindo os rastros de vários escritores, que ora afirmavam que Leandro havia morrido na Paraíba ora em Vitória de Santo Antão e, finalmente, os que afirmavam que ele falecera Recife, mas não havia indícios de onde fora registrado o óbito, ou em qual cemitério fora sepultado. Arievaldo Viena lendo Ruth Terra alertou-me para o fato dela, em seu livro afirmar que ele havia morrido na Rua Passos da Pátria, no Bairro de São José-Recife (PE), último local onde Leandro morou com a família.

Através da certidão de óbito que eu, Cristina Nóbrega requeri no dia 17.03.2008, pude verificar que a causa mortis atestada foi “aneurisma”. Consta que ele faleceu na Rua Passos da Pátria nº 363, no Bairro de São José, cujo registro está na Certidão de Óbito nº 90, fl 41, livro 17, em 05.03.1918. Sendo o declarante, seu filho Esaú Eloy de Barros.

Após sua morte, Pedro Batista ficou responsável por reeditar os folhetos, mas logo em seguida, sua esposa e filha de Leandro, Rachel de Barros Batista faleceu, deixando uma filha. Venustiniana, viúva de Leandro e mãe de Rachel, queria ficar com a neta, Djanane, mas diante da recusa de Pedro Batista, houve o rompimento das relações e Venustiniana vendeu o espolio de Leandro a João Martins de Athayde em 1921. Posteriormente Djanane também faleceu.

Aproveito a oportunidade para corrigir um equivoco, ao afirmar que ele era ateu, ao escrever o texto publicado no site de escritores amadores, Recanto das Letras em 29.06.2007, chamado A história não contada de Leandro Gomes de Barros e a sua relação com o Pe. Vicente. A poesia abaixo dá-nos uma idéia do que ele sentia.

O MEDO – POESIA

Na certeza que um dia hei de morrer,

Assombro-me com a morte todo dia.

Toda vida é um eterno padecer.

Rouba-me a alma, rouba-me a calma, tudo me crucia.

E eu vou vivendo como ser errante e triste pelo mundo afora,

Temendo a morte que embora triunfante,

Há de vencer-me, há de mandar-me embora.

E tu madrasta ferrenha e desvairada,

Ser tenebroso, horripilante e forte;

Com teu chicote de mulher malvada,

Acoitas-te o meu pai na tua norma.

Leva-me! Que a lei da natureza vive a dizer-me que um dia morro.

Eu que daria do universo a grandeza por vida eterna embora,

que de um cachorro.

Porém, rogo-te nessa amargura imensa!

Deixa-me viver, fazer uns versos, e depois,

Leva-me contigo mulher mesquinha.

1.1 Algumas declarações sobre Leandro

Vários escritores, críticos literários e poetas têm escrito sobre Leandro. Dentre eles, Horácio de Almeida (Crítico literário) comentando a variedade dos temas abordados por Leandro e a maneira como deixava inacabada um poema para iniciar e lançava uma nova obra e publicava outra já conhecida. Luis Câmara Cascudo escreveu a celebre frase: “Um dia, quando se fizer a colheita do folclore poético, reaparecerá o humilde Leandro Gomes de Barros, vivendo de fazer versos, espalhando uma onda sonora de entusiasmo e de alacridade na face triste do sertão”. Carlos Drummond de Andrade (Poeta): “Não foi príncipe de poetas do asfalto, mas foi, no julgamento do povo, rei da poesia do sertão, e do Brasil em estado puro.” Ariano Suassuna (Teatrólogo): "Os cordelistas me influenciaram tanto quanto Lorca, que tem um mundo de cavalo, boi, cigano e romanceiro popular parecido com o meu, ou Calderón de La Barca; para mim o príncipe dos poetas brasileiros é Leandro Gomes de Barros, autor de dois dos três folhetos em que me inspirei para escrever o Auto da Compadecida: O Enterro do Cachorro e A História do Cavalo Que defecava dinheiro”. Belarmino de França (Poeta Popular) escreveu versos em que fala de Pombal, sua terra natal e de Leandro.

1.2 A auto-definição de Leandro

A cabeça um tanto grande e bem redonda,

O nariz, afilado, um pouco grosso;

As orelhas não são muito pequenas,

Beiço fino e não tem quase pescoço.

Tem a fala um pouco fina, voz sem som,

De cor branca e altura regular,

Pouca barba, bigode fino e louro.

Cambaleia um tanto quanto ao andar.

Olhos grandes, bem azuis, da cor do mar;

Corpo mole, mas não é tipo esquisito,

Têm pessoas que o acham muito feio,

Sua mãe, quando o viu, achou bonito!

2- A CONFECÇÃO DOS FOLHETOS DE LITERATURA POPULAR

Como chegou a literatura de cordel até nós?

O termo “literatura de cordel” chegou até nós, vindo de Portugal, que remonta o século XVII e, tomou esse nome, porque os folhetos eram presos por um barbante pequeno (cordel), com as "folhas volantes" ou "folhas soltas" e, assim, eram expostos nas casas onde eram vendidos, cuja venda era privilégio de cegos. Era comum na Europa, na França era chamado, littèratue de colportage - literatura volante, mais difundida no meio rural; na Espanha era chamada pliegos suletos. Também há noticias que na mesma época havia na Holanda e na Alemanha desde o século XV e XVI.

Questiona-se a sua utilização no Brasil, pois nossos poetas vendiam seus poemas nas feiras livres. Colocavam uma lona no chão e espalhavam sobre ela os folhetos, sem mais conhecidos como Folhetos de feira em, “porque os cordéis eram folhetos, pequenos livros, feitos de papel jornal, e vendido nas feiras até 1980. Na atualidade, a literatura de cordel tomou uma nova roupagem, pois está sendo debatida nas universidades, e se tornou fonte de pesquisa, além da introdução na Escola Básica.

Os folhetos eram impressos em papel pardo, de má qualidade, variando entre 15 a 17 cm por 11 cm. O número de páginas até 1917 era em torno de 16, a partir desta data passou a variar entre 16, 32 e 48 páginas. Ocorria a impressão de 02 a 04 poemas pro folheto. Eram distribuídos entre 07 a 29 estrofes. Distribuídos em volumes que a partir de 1916 formam um único volume, com o informe de “história completa” Entre 1904 e 1930 os folhetos são ilustrados na capa com “vinhetas, usados como moldura e separar de outras informações.”

No inicio, os folhetos eram impressos em tipografias de jornal ou particulares que faziam serviços gráficos. A partir de 1909 surgem às tipografias dos poetas, mas só em 1918 é que elas passam a ser publicadas exclusivamente nelas. Leandro publicou grande parte de sua obra quando comprou um “prelo manual”, uma tipografia. Tinha um tipógrafo que treinava seus filhos, e, estes ajudavam a imprimir. No entanto, foi aconselhado por Venustiniana a vender, porque eles brincavam mais que trabalhavam.

Usou como estratégia de marketing, de viajar e vender durante o trajeto de trem para o interior do Estado, bem como outras localidades, mas criou uma rede de revendedores em vários Estados, chegando até o Acre. Vendia seus folhetos nos trens e nas feiras livres, era um “poeta de gabinete”, não usava o recurso da cantoria que passou a fazer parte de muitos cordelistas. No início publicava seus folhetos em várias tipografias no Recife, Entre 1910 e 1911 monta sua própria tipografia, a Typografia Perseverança e a partir de 1913, usa os serviços tipográficos, para difundir seu trabalho na capital da Paraíba. Vendeu-a em 1917 para Chagas Batista.

Podemos acompanhar os locais por onde morou a partir dos registros no verso de seus folhetos, indicando seis endereços no Recife: Em 1908 residiu no Beco do Souza nº 3; em 1909 na Rua Imperial nº 8; Morou entre 1910 a 1914 na Rua do Alecrim nº 34 ou 38-E no Bairro de São José , depois, em 1915 na Estação de Areias; em 1916 na Rua Motocolombó nº 28 ou 190 em Afogados; e finalmente, mudou- se para a Rua Passos da Pátria nº 363 onde faleceu. Dessa forma, seus endereços servem para datar os folhetos.

Leandro notifica em determinada época, para denunciar o plágio, que usaria a partir daquela data, sua foto na contra capa do folheto e acrescenta “o autor reserva o seu direito de propriedade”. Folhetos da Popular editora estão na Biblioteca Nacional, onde há folhetos manuscritos na capa, o número de tiragens, de edição, ou propriedade do autor, edição do autor, ou ainda tiragem do autor, como nos informa TERRA (1983 p. 23-25).

Com a morte de Leandro seu espólio foi vendido a João Martins de Athayde em 1921, que desde 1909 teria montado uma tipografia no Recife, tornando-se assim, o primeiro poeta popular a imprimir folhetos.

Athayde tem sido acusado de ter se apropriado de vários folhetos de Leandro, trocando pelo seu, mas há os que dizem que é um vicio corrente, que muitos outros fizeram o mesmo de outros autores.

Atualmente, editoras como a “Tupynanquim (Fortaleza), Coqueiro (Recife) e Luzeiro (São Paulo) procuram abastecer o mercado com os folhetos mais conhecidos, tipo Soldado Jogador, Juvenal e o Dragão, Princesa da Pedra Fina, Sofrimentos de Alzira etc.”, conforme VIANA.

Parte do acervo de Leandro Gomes de Barros está na Casa de Rui Barbosa, no bairro de Botafogo no Rio de Janeiro. Outra parte do acervo está na Academia Brasileira de Literatura de Cordel, em Fortaleza-CE. É considerado o “fundador da literatura de cordel do Nordeste”, de acordo com Chagas Batista, em Cantadores e poetas populares (1929 p.114). No entanto, muita coisa se perdeu.

3-TRABALHOS E PROJETOS SOBRE A LITERATURA DE CORDEL

A dissertação de mestrado de Ivone da Silva Ramos Maya (2006 p.12-14) faz uma lista dos poemas de Leandro período em que as obras foram escritas e que disponibilizado na internet em 20.03.2008, às 22.30 h.

I- Poemas que se situam entre 1906-1909

1. As Miserias da Epocha / O mal em paga do bem/ Queixas geral - Nº classificação FCRB: LC7003 Data: s.d.

Observação: Um dos folhetos mais antigos da Coleção SNB editado na Rua da Colônia,Jaboatão – Recife, primeiro local onde o poeta residiu em Pernambuco, provavelmente anterior a 1906.

2. Affonso Penna/ A Orphã/ Uns Olhos/ O que eu creio - Nº classificação FCRB: LC 6056 Data: 9/8/1906

3. Genios das Mulheres/ A Mulher Roubada/ Um Beijo Áspero/ A Ave Maria da Eleição -Nº classificação FCRB: LC6046 - Data: 1907

4. O Dez réis do Governo/ Conclusão da Mulher roubada/ Manoel de Abernal e Manoel Cabeceira- Nº classificação FCRB : LC 6077 Data: 1907

5. Mosca, Pulga e Persevejo / Se algum dia eu morrer / Intriga da Aguardente / O povo na cruz - Nº classificação FCRB: LC 7022 Data: Provavelmente entre 1907 e 1908

6. As proezas de Antonio Silvino- Nº classificação FCRB: LC 7041 Data: Provavelmente entre 1907 e 1908

7. O Imposto e a fome /O reino da Pedra Fina/O homem que come vidro- Nº classificação FCRB: LC 6054-Data: 1909

II. Poemas que se situam entre 1910-1912

1. O diabo confessando um nova seita / Historia de João da Cruz (Conclusão) / Padre nosso do imposto - Nº classificação FCRB: LC 6078 - Data: * Provavelmente entre 1910 e 1912

2. A mulher e o imposto/Décima de um portuguez a sua namorada/Debate de Serrador com Josué - Nº classificação FCRB: LC 6098 Data: Provavelmente entre 1910 e 1912

3. A Voz do Povo Pernambucano- Nº classificação FCRB: LC 7011 - Data: Provavelmente entre 1910 e 1912

4. Um pau com formigas / Conclusão de Riachão com Turbana- Nº classificação FCRB: LC 7020 - Data: 18/1/1912

5. A festa do mercado do Recife – homenagem a Dantas Barreto - Nº classificação FCRB: LC 6072 - Data: Entre 1910-1912

6. A morte do bicheiro/ O boi misterioso - Nº classificação FCRB: LC 7009 - Data: 1912

7. A Ira e a Vida de Antonio Silvino- Nº classificação FCRB: LC 6053 - Data: Entre 1910-1912

8. Antonio Silvino, o rei dos cangaceiros - Nº classificação FCRB: LC 6066 - Data: Entre 1910-1912

III. Poemas situados entre 1913-1918

1. O principio das cousas/ O cachorro dos mortos- Nº classificação FCRB: LC 7027 Data: Entre 1913-1914

2. Lamentações do Joazeiro- Nº classificação FCRB: LC 6044 - Data: Provavelmente entre 1913 e 1914

3. A crise actual e o augmento do sello/A Urucubaca- Nº classificação FCRB: LC 7008 - Data: 1915

4. A Secca do Ceará / Panellas que muito mexem (Os guizados da Política) - Nº classificação FCRB: LC 7038 - Data: Provavelmente entre 1915 e 1916

5.O Imposto de honra / O Marco Brasileiro - Nº classificação FCRB: LC 6041 -Data: 28/07/1916

6. O Fiscal e a Lagarta/O Governo e a lagarta contra o fumo/Dor de Barriga de um Noivo - Nº classificação FCRB: LC 6087 - Data: 1917

7. O Tempo de Hoje/O Sorteio Militar - Nº classificação FCRB: LC 7017 - Data: 1918

IV. Poemas sem data

1. As promessas do governo / A Índia (fragmento)- Nº classificação FCRB: LC7023-Data: s.d. Observação: Folheto sem capa. Não há indicação de data e tipografia

2. O Divórcio da Lagartixa- Nº classificação FCRB: LC 6075 -Data: s.d.

3. Os martírios de Genoveva

Observação: Foi utilizado um exemplar de publicação mais recente do Acervo, em off set, publicado pela Editora Luzeiro de São Paulo em 1958. A autoria está atribuída a Manoel Pereira Sobrinho, embora a Bibliografia Prévia, obra de referência do trabalho, abone Leandro Gomes de Barros como autor. O folheto raro não consta no Acervo da FCRB.

Uma obra do consagrado escritor Ariano Suassuna que escreveu O Auto da Compadecida, uma peça em três atos em 1955, encenada pela primeira vez em 1956, posteriormente transformada em mini-serie exibida em 1999 e re-editada em 2000 em 2002 e, em filme em 2000. Lembrará de cenas como a história do testamento do cachorro, do golpe da bolsa de sangue, do animal que defecava dinheiro e do instrumento capaz de ressuscitar os mortos, fazem parte da criação e produção de Leandro, e adaptadas por Suassuna.

Em Fortaleza, Arievaldo Viana, coordenador do projeto Acorda Cordel nas Escolas e membro da ABLC, ocupando a cadeira de nº 40, tem mais de 100 folhetos publicados, e autor de vários livros como O Baú da Gaitice (crônicas e anedotas), São Francisco de Canindé na Literatura de Cordel (ensaio), A Raposa e o Cancão (cordel infanto-juvenil ilustrado por Arlene Holanda), O Pavão Misterioso (cordel ilustrado, em parceria com o cartunista Jô Oliveira), além da HQ, A Moça que Namorou com o Bode, em parceria com KlévissonViana. Um livro com o título Acorda cordel na sala de aula, (Didático), publicado em Fortaleza: Tupiniquim e Queima-bucha em 2006, e um site com o mesmo nome.

3.1 Comemorações

Em 2007 houve a comemoração dos 140 anos do nascimento de Leandro Gomes de Barros, com grande comemoração em Pombal - PB, e a divulgação de um vídeo sobre a Fazenda Melancia em Paulista-PB. Em março de 2008 comemoraram-se os 90 anos da morte de Leandro

Recentemente, em uma coluna do JORNAL DA PARAIBA, publicado em 27.04.2008, a seguinte curiosidade:

O poeta cordelista mais procurado pelos leitores da internet, por meio do portal Domínio Público, é um paraibano, natural de Pombal, nascido em meados do século XIX. Segundo esse portal pertencente ao governo federal, Leandro Gomes de Barros é considerado o pai da literatura de cordel no país e os seus 18 livros expostos na internet já foram acessados por 44.232 pessoas. Em seus poemas são abordados assuntos como o cangaço, a seca, o sofrimento, a mulher, os mundos mágicos do dragão, da lua, das fadas.

o DIÁRIO DE PERNAMBUCO do dia 30.04.2008, publicou uma matéria sobre Leandro Gomes de Barros e a literatura de cordel, com uma entrevista com o Poeta Arievaldo Viana, disponível no site do jornal.

 

CONCLUSÃO

Ainda não se escreveu tudo a respeito de Leandro Gomes de Barros. O poeta não se preocupou em registrar as histórias de sua vida, com exceção de Cancão de Fogo, e alguns poemas que falam de si mesmo. Falam de um ser humano repleto de virtudes e erros, que viveu na plenitude de sua existência com ousadia e, deixou suas marcas. Quem ele foi, realmente, na intimidade, apenas sua mulher e filhos podiam dizer, mas esses preferiram o silencio, ou simplesmente cuidaram das suas vidas e projetos, ou ainda, não previram que hoje, Leandro voltaria sob a roupagem do maior escritor de Literatura Popular do Nordeste.

Muito de sua história se perdeu no tempo, pois quem poderia esclarecer o entrançado de parentesco já faleceu como Ananias Nóbrega, seu sobrinho, como Eduardo de Castro, seu primo, Maria Amélia de Castro, sua prima legitima e, como Judite de Castro Nóbrega, sua sobrinha. Os três primeiros nasceram na Paraíba e a quarta em Palmares. Ouvimos durante toda a nossa existência contar suas histórias, mas nunca, nenhum deles teve a iniciativa de registrar. Além dos filhos de Leandro, que não sabemos ao certo, se escreveram as histórias contadas por ele.

As pesquisas de campo estão em andamento. Fatos importantes como o parentesco com os Nóbrega e os Xavier de Farias ainda estão sendo processados através de registros cartoriais e paroquiais que duram mais de seis meses e sem previsão de conclusão.

Muita gente boa tem escrito sobre o pioneiro da literatura de cordel. Sua história está sendo tecida na teia das informações dos seus biógrafos e assim, como numa colcha de retalhos, vamos perfilando a pessoa e a obra de Leandro Gomes de Barros.

 

BIBLIOGRAFIA

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APOLINÁRIO, Rodrigo Emanuel de Freitas. Literatura de Cordel na Paraíba: da Serra de Teixeira à Internet. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação- XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Santos – 29 de agosto a 2 de setembro de 2007.

BATISTA, Sebastião Nunes. Bibliografia prévia de Leandro Gomes de Barros. Colab. Hugolino de Sena Batista. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1971.

CASCUDO, Luís da Câmara. Resumo biográfico dos cantadores: Leandro Gomes de Barros. In: ___. Vaqueiros e cantadores. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1984. p.318-319. (Reconquista do Brasil. Nova série, 81).

FRAGOSO, Frei Hugo, OFM. e et al. O Teixeira do Cônego Bernardo. – O vigário Bernardo, reflexo da face do povo teixeirense. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1933.

MAYA, Ivone da Silva Ramos. O Poeta de Cordel e a Primeira República: a voz visível do popular. Rio de Janeiro: FGV / CPDOC / Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais, 2006.

NUNES FILHO, Pedro. O guerreiro togado.

TERRA, Ruth Brito Lemos & Almeida, Mauro W.B. de. A análise morfológica da literatura popular em verso: uma hipótese de trabalho. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, SP, (016): 1- 28, 1975.

_______________. Memória de Lutas: Literatura de Folhetos do Nordeste (1893-1930). São Paulo: Global, 1983

VIANA, Arievaldo. 140 anos de nascimento de Leandro Gomes de Barros, o rei da Literatura de Cordel. Disponível no site: http://www.camarabrasileira.com/cordel77.htm., em 29.06.2007, às 16.40 h.

OBRAS COMPLEMENTARES ONLINE

NÓBREGA, CRISTINA. Pesquisa historiográfica sobre relação de poder: famílias Castro, Nóbrega, Xavier de Farias, Soares Brandão. Em curso.

____________________. História não contada de Leandro Gomes de Barros. Disponível no site: http://www.recantodasletras.com.br/biografias/546003 em 02.05.2008. as 00.53 hs.