O último convidado

O ÚLTIMO CONVIDADO

O homem caminhava com um objetivo naquela noite. Encontrar a festa. Depois era só fazer o básico. Dar a informação e, de acordo com a reação dos presentes, agir. O longo sobretudo escuro lhe cobria metade das pernas e balançava de acordo com suas passadas rápidas e destemidas. No bolso uma pequena esfera cromada do tamanho de uma bola de gude.

Encontrou, depois de andar alguns quilômetros naquela metrópole, a tal festa. Quem havia dado a informação era um amigo. Era um deles, mas fora contaminado à força e era uma boa criatura, apesar do seu destino. Na verdade era um cliente assíduo do IML local. Só sugava sangue de cadáveres. Ele era importante nas investigações.

Era uma festa de vampiros. E o homem passou pelos seguranças somente precisando mostrar o convite de cor preta com letras escarlates. Não era qualquer um que conseguiria aquele convite. Por tal motivo os seguranças, que não eram vampiros, não desconfiaram de nada e tampouco sabiam o que acontecia ali dentro. Para eles era somente uma festa comum. Além do mais foram instruídos a deixar qualquer um entrar que tivesse o enegrecido convite. E quem arrumara o papel fora o vampiro X9. E isso tudo já fora apurado pelo homem de sobretudo.

Por alto o homem, de quase dois metros, contou vinte e nove vampiros, talvez trinta.

No saguão central, algumas criaturas adeptas do sangue de jugular, faziam sexo e outras dançam em meio àquela música alta e agitada. Sob uma penumbra fantasmagórica um DJ com os olhos flamejantes bailava atrás de uma imensa mesa de aparelhos eletrônicos.

O último convidado atravessou o salão e se aproximou dele pedindo o microfone emprestado. O vampiro que comandava a música atendeu o pedido. Talvez pensasse que ele fosse cantar ou falar alguma besteira, mesmo o homem de sobretudo não parecendo estar muito entusiasmado com tudo aquilo.

Então o gigante pôs um par de óculos escuros, colocou a pequena esfera que estava em seu bolso em cima da mesa de som e falou, após acomodar o microfone em sua cabeça e dar alguns toques a fim de testar sua funcionalidade.

— Senhores. - poucos olharam. Sendo assim ele pediu para o DJ abaixar o som. E ele obedeceu. Afinal o homem da música não sabia quem era aquele cara, talvez fosse o dono da festa. Nem todos os vampiros se conheciam.

Um pigarro e o gigante de sobretudo tornou a falar: — Senhores. Boa noite. Sou do SCV. Estão todos presos. Aqui está o mandado de prisão coletivo. Se alguém reagir todos morrerão! – e o homem ergueu um papel como o braço esquerdo. O DJ mostrou os caninos de medo e afastou-se.

— Queiram formar uma fila indiana, por favor. Vocês têm duas escolhas; ou obedecem ou morrem.

Alguns vampiros ficaram apreensivos. Outros externaram suas cóleras xingando-o.

— Comecem a formar a fila, por favor.

Então dois vampiros alçaram voo na direção do último convidado.

— Merda de vampiros. – o homem gritou rapidamente a palavra SOL e pequena esfera iluminou o ambiente assustadoramente. Era um sol artificial. Os vampiros que voavam na direção do agente foram desintegrados ainda no ar pela luz solar. Os restantes foram sendo extirpados paulatinamente até sumirem de vez. Os gritos de ódio das bestas sanguinolentas eram captados pelo agente do Setor de Capturas de Vampiros.

Lá fora os seguranças, que não tinham a autorização para entrar, arrombaram a porta e viram somente o homem de sobretudo atrás da mesa de som.

— O que houve aqui? – falou o mais velho protegendo os olhos da iluminação extremamente forte.

— Cadê todo mundo? - completou o outro com os olhos semi-cerrados.

O agente retirou um distintivo reluzente da roupa e falou:

— Polícia Civil, Setor de Capturas de Vampiros. Está tudo sob controle.