[Escrito em véspera de Finados]
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Viemos colocar flores aos nossos!...
Limpar as pedras frias que os aquecem,
Ressuscitar memórias que fenecem,
Lembrar Rostos, que são meros esboços...
Viemos marcar uma posição;
Perpetuar o Amor em simples gestos...
No Campo Santo não há imodestos:
A Morte é sempre nossa!... A Vida, não!
Viemos entregar flores à Morte;
Flores que são sinónimos de Vida...
Ninguém pode escapar à sua sorte.
Viemos... E partimos, na saudade!...
Voltaremos um dia – Deus decida! -
E ficaremos para a Eternidade!!!
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[Soneto clássico dedicado aos entes queridos que já não estão entre nós...
Curiosamente todo o poema foi escrito no cemitério, da freguesia onde resido, em 31/10/2007.]
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Os meus agradecimentos
a Inezteves que aceitou o meu desafio de declamar este soneto,
que considero o mais genuino e emotivo de todos que aqui apresento (talvez só se lhe equipare "Aldeia do meu en_canto", também já em Audio) - Obrigado Inês!
Neste trabalho existem dois versos de uma riqueza ímpar - na minha perspetiva: "Limpar as pedras frias que os aquecem" e "A morte é sempre nossa... a Vida não".
Uma referência importante para o facto da palavras "Rostos" estar em maiúsculas, pois possui uma dupla leitura: É que o cemitério está situado numa aldeia com esse preciso nome!
Bem sei que existem alguns autores que defendem que os poemas não se devem explicar - comprendo o seu ponto de vista! - mas como podem os leitores ter conhecimento de algumas das particularidades neles contidas?...
Caldas da Rainha, Portugal,
18.01.2011
Abílio Henriques