Cronica de Amor - Roberto Freire

Publicado por: Akasha De Lioncourt
Data: 19/07/2006
Classificação de conteúdo: seguro

Créditos

Texto: Crônica de Amor - Roberto Freire Voz: Akasha De Lioncourt Mixagem: Sereníssima (Site A Voz da Poesia) Música: Yanni Este texto do Roberto foi gravado por mim para o site A Voz da Poesia, para a página do Dia dos Namorados, em 2004... achei legal dividir com vocês!!! Beijos.
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Crônica de Amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não-fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece a razão.

O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo... Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina o Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam.

Então?

Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome. Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário.

Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a maior vocação para príncipe encantado, e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita de boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara? Não pergunte para mim. Você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem o seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém.... Com um currículo desse, criatura, por que diabo está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos tem às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó! 
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é!

Roberto Freire 

(Minha homenagem a este autor fantástico a quem admiro demais!!! Beijos)

P.S.: Da mesma maneira que no poema do Victor Hugo, sempre há quem venha contestar a autoria mas sem citar uma fonte confiável sequer... o texto pertence ao livro Ame e Dê Vexame, de Roberto Freire... se alguém tiver alguma prova concreta para contestar essa informação eu alterarei os créditos sem qualquer problema mas enquanto isso não acontece, continuo creditando essa obra prima a quem de direito até o presente momento... FREIRE! (editado em 25 de abril de 2009, após o enésimo comentário solto acerca do mesmo assunto. Akasha De Lioncourt)

Akasha De Lioncourt
Enviado por Akasha De Lioncourt em 19/07/2006
Reeditado em 04/07/2009
Código do texto: T197697
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