LUZES & CONCRETO

LUZES & CONCRETO

®Lílian Maial

Não há luas ou estrelas no céu encoberto de cinza,

só uns olhos furta-cor, camaleônicos olhos,

néon de calma e promessa,

de fogo abafado, brasa à espera do vento.

Não há pessoas ou vozes, só a fumaça do cigarro,

a chama, e esses olhos de chuva de mel-esmeralda

de rima tímida no canto do papel,

enquanto o mundo nos aguarda.

Não há tempo ou lugar,

e o gelo estala no copo,

avisando o momento da flecha,

o beijo que não vem.

E do alto, bem lá em cima, o desejo

de abrir as asas e me atirar

nos braços de ninho e proteção,

beber da boca, aninhar no peito, abandonar no abraço.

Do meio do concreto, luzes e beleza.

Da impossível rocha, a flor.

Então posso fazer, poeta, brotar estrelas do concreto,

nascer o dia em nós.

Não há luas, nem estrelas,

lá do alto, só teus olhos

me vêem...

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