Sou como um rio de águas turvas
Correndo ao léu sobre as agruras
Lavando o fel da margem impura
Do vício louco da paixão
Sou luz do Sol mirando a Lua
Que tão tímida se insinua
E reflete o brilho que atenua
O lado obscuro do coração
Sou chuva forte lavando a rua
Por onde andas à luz da Lua
Buscando rimas nas esquinas duras
De tua vida louca e sem razão
Sou vendaval soprando runas
Dos teus segredos e letras nuas
Diluindo tuas verdades cruas
Num tom harmônico do diapasão
Sou teus anseios, tuas loucuras
Teu lado místico, tua caricatura
O teu Narciso na fonte lúdica
O amor que buscas, sou o teu perdão