BEIJOS
 
 
Se a pena que tenho na mão
Escrevesse o meu sentir…
Mas que ilusão!
Quantos anos perdidos em vão!
A esta inércia tu me votaste,
Fizeste de mim um ser doído!
Nem imaginaste!
 
Que os beijos que me não deste,
Levaram-nos os anjos ao céu azul celeste…
Para lá ir buscá-los, é longe…
E não consigo voar!
As asas do amor estão quebradas,
Não consigo sair do chão!
Dói-me a alma rasgada de ilusão,
A boca desfigurada de emoção!
 
Os beijos que me não deste,
São o sonho, o desespero, arrastados p’las ruas
Frias e nuas de amor ardente!
 
Os beijos que me não deste!
São dor! Dor na alma, no coração eivado…
 
Os beijos que me não deste
São como estrelas cadentes,
Que meus olhos olharam!
E na minha boca não poisaram…
São dor afiada,
Batendo a esta morada!
Despertando dores lancinantes,
No meu corpo de ninfa encantada!
Que num momento me leva ao fim de tudo,
E me lembra o limbo,
 
Dos beijos que me não deste!
Como o sofrimento
Da dor que não sei onde dói!...
 
 
Susana Custódio
 
Poema escrito em 1979