SESSENTA ANOS DE TELEVISÃO: HAVERIA MUITO A COMEMORAR?

Fim da primeira década do século vinte e um e nós a comemorar o aniversário de sessenta anos da televisão brasileira.

Indubitavelmente uma grande invenção do século vinte, como também uma explosão imensurável da comunicação de massa até então de hegemonia do rádio.

Penso que o poder da comunicação do rádio e da televisão do século passado é proporcionalmente comparável à aceleração da instantânea comunicação de massa e do avanço a passos largos da atual tecnologia da WEB do século vinte e um.

Porém, se de um lado os meios de comunicação avançam pelo mundo a nos proporcionar a oportunidade quase democrática de nos comunicarmos em som e imagem, não é inverdade que a grande questão a ser avaliada, desde que surgiu a televisão, é delinear as finalidades para as quais tal meio de comunicação se prestou na história das comunicações audiovisuais e o quanto de utilidade agregou ao desenvolvimento individual e consequentemente à melhoria do meio social.

Confesso que não sou uma fã convicta de televisão, e a nossa ainda precisaria melhorar muito, embora perceba que não diferimos muito das televisões que vemos por aí afora.

No contexto histórico é inegável o seu poder de transformação social, quase uma "evolução" do rádio, aonde a voz se une à imagem da comunicação que, até então, nos era mais virtual.

Por meio dela se divulga a cultura dos povos, se faz arte, se promove lazer, se faz todos os seguimentos do jornalismo, se faz política, se leva qualquer mundo para dentro dos lares a se favorecer a formação das mais diversas opiniões acerca do todo próximo e distante.

Mas, como todo meio de comunicação, televisão não é só flores!

Hoje em dia é mais fácil procurar e encontrar agulha num extenso palheiro, do que encontrar algo que, de fato, nos agregue ao menos satisfação na programação da televisão brasileira.

Ando meio entediada de manejar o controle remoto aprocurar qualidade e terminar no off dos canais abertos.

Acredito que precisaríamos repensar a maneira de se fazer televisão no Brasil e no mundo, obviamente não é o que a maioria das pessoas pensa, nesse atual clima de aniversário da televisão.

Fundamento minha crença simplesmente na chatice,na mesmice e na quase total falta de critério para se fidelizar o telespectador a uma emissora ou à uma simples programação.

Alguém já prestou atenção na mediocridade da programação dos canais abertos nas tardes da televisão brasileira? Tudo, tudo absolutamente igual...e precário.

E pelas manhãs? Salvo alguns poucos telejornais matutinos que agregam informação pertinentes, as avalanches de revistas que seguem são, há anos, enjoativas,repetitivas e realizadas por apresentadores nem sempre muito qualificados para a tal arte de se fazer entrevistas.

Temos uma televisão refém do número de audiência do IBOPE e parece que ninguém está muito preocupado em agradar pela qualidade mas sim pela "vendagem" de asneiras.

A tela hegemônica pela manhã já inaugura a mesmice dum programa de revista feminina, ancorado nitidamente pela autopromoção de quem o apresenta, e que se passarmos grande parte do seu conteúdo fútil numa peneira de utilidade, só sobrarão as penas dum penoso e já enjoativo papagaio.

Pena do telespectador, um pouco mais exigente, ninguém tem.

A telenovela que é já uma tradição artística brasileira também percebo que vem perdendo nitidamente a qualidade. Não éramos assim!

Obras que a princípio eram mais artísticas, se tornaram palcos de apelações horrorosas, e muitos Merchandising, não apenas de produtos vários ,mas dos próprios interesses comerciais das demais obras promovidas por emissoras, e cuja intenção explícita é de apenas comercializar seus produtos com recordes de bilheterias.

Outro dia vi uma cena do espetacular ator Elias Gleiser na novela global das nove que promovia um determinado filme na fala do seu personagem.`

Percebi claramente que até o Elias perdeu o rebolado na cena, pois aparentou um desconforto nítido ao fazer a propaganda proposta, numa das suas cenas que, a princípio, deveria ser apenas artística.

Dias antes, a mesma propaganda também ocorreu noutra cena de telenovela da tarde, num contexto bem forjado.

Enfim, uma televisão meio "pobre" no sentido artístico e cultural, cujas emissoras disputam criações copiadas uma das outras só para ganhar o telespectador, sem nada lhe agregar na maiora das vezes.

Também se nos apresenta uma televisão tendenciosa, nem sempre "tão livre" como deveria ser qualquer meio de comunicação e informação, subjugada à interesses nem sempre muito claros.

De toda sorte, sessenta anos de telinhas nos nosso lares.

Algo para se comemorar e para se repensar, enquanto veículo de grande potencial utilitário no cenário social.