Sinto e pressinto, neste corpo e nesta alma,
Que a minha vida sempre chega aos pedaços.
Eterna luta, que nunca se acalma,
Que causa dor e que fere com estilhaços.
Pois bem assim é que se faz a existência:
Um drama eterno, sempre atado e reatado,
Enquanto a vida nos mantém, com paciência,
O corpo e alma, em um ser compartilhado.
Sinto e pressinto que a alma está sofrida,
Submetida a este corpo e acorrentada.
Não há motivo para apego a esta vida,
Já que o corpo, sem a alma, não é nada!
Pois só assim é que se explica esta vontade,
A impaciência e o sentimento da demora.
Antiga ânsia de encontrar a liberdade,
Esta agonia em deixar tudo e ir embora.