Dê-me

Dê me este Vulcão

Jorre o caldo a fervilhar

Junte corpo e coração

Dê-me o Fruto pra pecar

me entreter, me lambuzar

ao meu oco preencher

Dê-me já!

Dê-me o Totem generoso

pra desnudo idolatrar

Ser marcado a ferro e fogo

roubar tua alma ao sugar

Dê-me o mel destas entranhas

para as minhas inundar

Dê-me já!

Dê-me um raio a derreter

minha sombra ao penetrar

invadir, sair, voltar

clarear meu escuro ser

Dê-me o pão em salvação

dos teus restos, comido, dormido

rijo, então, assim será

Dê-me já!

Dê-me um traço a envolver

servir, sorver, absorver

E que o seja em linha reta

grossa, direta, ereta

Dê-me paz, ao inferno ter

entre as minhas coxas,

e onde mais inferno há

Dê-me já!

Dê-me o pendão que afasta as pernas

do corpo que em natureza o carrega

Dê-me o ouro e o guardião

Dê-me ao desejo perdão

Quem criou-me o fez pra gostar

assim me veio e assim será

Se não por ti, então por Deus

Dê-me já!