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NÓS E A POESIA


Não raro, a proximidade entre o universo poético do escritor e o do leitor, desencadeia neste, sensações diversas, que frequentemente traduzem seus anseios mais íntimos propiciando mesmo a descoberta de emoções e sentimentos ocultos e, muitas vezes, esquecidos.

E foi partindo deste universo que em 2000 nós nos descobrimos...

No início éramos apenas leitores um do outro, mas aos poucos, fomos percebendo as semelhanças e as diferenças de nossas linguagens, e lentamente, acabamos por descobrir também como potencializar essas semelhanças e completar as diferenças.

Assim, findamos por passar de leitores, a admiradores mútuos, e a partir dessa admiração, transformamo-nos em parceiros na poesia. A partir daí, acabamos por unir nossos versos numa simbiose poética onde fundimos – bem ou mal o leitor o dirá - a linguagem de nossas mãos, o apelo metafórico das imagens, o perfume das palavras, e o som de cada letra que se oferecem às nossas composições.

Com o passar do tempo, fomos estimulando um no outro os sentimentos poéticos, a imaginação e a fantasia, até que nossos versos se fundiram num só, deixando às entrelinhas a tarefa de denunciar a poesia escrita a quatro mãos.

Essa interatividade poética acaricia e afaga, num elo de cumplicidade, numa secreta e silenciosa ligação, onde as palavras se tocam levemente, acariciadas pela brisa suave da ternura que se faz, sempre que essa entrega se torna inevitável.

E assim, aos poucos, através dos anos, fomos sendo seduzidos pela inspiração um do outro, e só nos restou canalizá-las para que fluíssem na mesma corrente cristalina que refresca nossas almas sempre que o milagre de um novo poema acontece!

Quando compomos à quatro mãos, ignoramos o destino ou a necessidade de chegar a algum lugar. Deixamo-nos apenas fluir nessa corrente de sentimentos, tentando realçar as cores e tons dessa aquarela que o sentir nos vai permitindo pintar.

A palavra, para nós, não é um vôo solitário. O coração não é um vazio de ausências, ou um terremoto de revoltas. A palavra e o coração, para nós, sempre serão mensageiros um do outro, e sempre haverão de estar juntos, a exigirem de nós que os traduzamos da melhor maneira que conseguirmos, mesmo que para isso tenham que se desnudarem diante de nossos esforços de habitá-los e de materializar os sentimentos de um através da força descritiva da outra.

E assim, a palavra e o coração, ao nos fazerem seus instrumentos, nos brindam com a conquista de cada poema que nos ditam, e ganham o mundo, deixando-se abraçar também por outros olhares, que haverão de tomar como suas, as palavras a nós ditadas.

E então o milagre que tudo justifica, se faz: O poema se multiplica através da emoção do leitor e cumpre sua missão de andarilho, que enquanto caminha, vai deixando rastros de si por onde passa.

Aos nossos leitores, nosso carinho e nosso MUITO OBRIGADO!

J.B.Xavier & Fernanda Guimarães
Outubro de 2006