“Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, Há calma e frescura na superfície inata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consuma Com seu poder de palavra e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo. Não colhas do chão o poema que se perdeu. Não adules o poema. Aceita-o Como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço. Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma Tem mil faces secretas sob a face neutra E te pergunta, sem interesse pela resposta Pobre ou terrível que lhe deres: Trouxeste a chave?”