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Perfil

Eu, que sempre me considerei
um não gaúcho gaúcho,
fui chamado de escritor
mineiro não mineiro.
Aceito as identidades que me cabem.
Todas as terras que pisei são minhas,
mesmo sem ser conquistador.
No máximo conquisto a dor.
Sou um poeta, deveras,
da estirpe dos que desbravam sentimentos.
Alerto: tudo o que me disserem
poderá ser usado num poema
e o que esbravejo não está na ordem do tempo.
Na era da tecnologia, ouso desenformar-me.
Mesmo que atemorizado,
dou sempre um passo à frente,
tateio a maçã no escuro
e sempre intuo a palavra seguinte.
Quando todos querem gozo,
meu único desejo é ser linguagem.