MAX REINHARDT
Unindo o palco e a platéia


   Um dos dogmas do teatro, desde o século XVII – a chamada “quarta parede”, convenção que separa o palco do público – começou a cair graças ao trabalho de Max Reinhardt. Austríaco, nascido Maximilian Goldmann em Baden no dia 9 de setembro de 1873, Reinhardt começou sua carreira no teatro como ator, em Viena. Mudou-se para Berlim, onde passou a dirigir o Deutsches Theater, criando uma das mais conceituadas escolas de representação da Europa.
   Max Reinhardt começou sua trajetória de sucesso no Deutsches Theater encenando textos clássicos – como “Sonho de uma noite de verão”, de Shakespeare, em 1905, numa montagem que foi apresentada em vários países durante 30 anos, e “Édipo Rei”, de Sófocles, em 1910. No entanto, já nesta época preocupava-se com todos os aspectos da arte cênica, buscando inovações em termos de iluminação, fundos musicais, cenários e efeitos de palco.
   Interessado na dramaturgia de seu tempo, Reinhardt apresentou com o Deutsches Theater montagens elogiadas pela modernidade de “O milagre” (1911), de Karl Vollmöller e “A morte de Danton” (1917), de Georg Bücher. Ficou à frente da companhia até 1930. Fundou o conceituado festival de Salzburgo, na Áustria, em 1920 e duas escolas de arte dramática, a Hochschule für Schauspielkunst Ernst Busch, em Berlim e o Max Reinhardt Seminar, em Viena.  
   Reinhardt acreditava que o teatro devia ser uma experiência que integra e harmoniza texto, atores, recursos cênicos e platéia. Por isso, aboliu o uso de cortinas em suas apresentações, bem como o limite teórico que separa o palco do público. Com o tempo, ampliou esse conceito, tirando do ambiente teatral a montagem de suas peças. Chegou a excursionar com montagens realizadas em circos e em igrejas.
   De origem judaica, Reinhardt deixou a Alemanha durante a ascensão do nazismo, radicando-se nos Estados Unidos e naturalizando-se cidadão americano em 1940. Lá também fundou uma escola de teatro, a Reinhardt School of the Theatre, em Hollywood. Diferente da maioria dos encenadores da época, Max Reinhardt incentivava seus atores a trabalharem em cinema. Ele mesmo dirigiu filmes, principalmente em adaptações de peças de teatro, como “Sonho de uma noite de verão”, em 1935.
   Bem sucedido não só como diretor, mas também produtor teatral, Max Reinhard faleceu em 30 de outubro de 1943, em Nova Iorque.

(Parte da coletânea GENTE DE TEATRO, de William Mendonça. Direitos reservados.)