EDGAR ALLAN POE
Um criador à frente de seu tempo


   É injusto definir o gênio de literário do escritor americano Edgar Allan Poe apenas como o de um grande poeta. Na verdade, Poe foi, antes de tudo, um pioneiro em diversos gêneros literários, uma mente que estava claramente à frente do seu tempo. Mas, também é fato que alguns dos maiores êxitos literários do escritor são poemas – “O corvo”, por exemplo, foi traduzido por poetas do naipe de Baudelaire, Fernando Pessoa, Machado de Assis e Mallarmé.
   Filho de um casal de atores, Edgar Allan Poe nasceu em 19 de janeiro de 1809 e ficou órfão aos dois anos de idade. Criado por John Allan, um rico negociante de tabaco, e sua esposa Francis, sem nunca ter sido adotado oficialmente, Edgar foi, em toda a vida, um peixe fora d´água – era dado a acessos de fúria, desde cedo teve problemas com jogo e bebidas, o que causou sérios desentendimentos com o pai. Chegou a ingressar na renomada Academia Militar de West Point, sendo expulso por indisciplina.
   O gênio poético de Edgar Allan Poe despertou muito cedo. Publicou seu primeiro livro, “Tamerlane e outros poemas”, aos 18 anos. Depois da morte de John Allan, em 1834, Poe mudou-se para a casa de uma tia, Mary Clemm. Logo, estava apaixonado pela prima Virginia, filha de Mary. Em 1836, casou-se com a prima de apenas 13 anos em segredo. Enquanto muda-se algumas vezes de cidade e procura emprego em jornais como redator, editor ou crítico, Edgar Allan Poe escreve histórias de ficção para ganhar seu sustento.
   É aí que o gênio literário de Poe se completa. Além dos êxitos de poemas como “Dreamland”, “O Corvo” e “Annabel Lee” – que geralmente surpreendiam pela temática – Edgar Allan Poe tornou-se o pioneiro das histórias fantásticas, inaugurando na América o chamado gênero terror e fantasia. Também é pioneiro do romance policial, em "Os Assassinatos da Rua Morgue" (1841), “O Mistério de Marie Rogêt” (1842) e “A Carta Roubada” (1844), com a criação do detetive Auguste Dupin, de clara influência sobre Connan Doyle e seu Sherlock Holmes, e da ficção científica.
   Vale destacar a qualidade dos contos de Edgar Allan Poe. Textos como "Berenice" (1835), "O Gato Preto" (1843), "O Demônio da Perversidade" (1845) e "O Barril de Amontillado" (1846) são, até hoje, considerados uma influência importante para dez entre dez escritores de terror e de fantasia.
   Estranhamente, enquanto vivia em situação financeira cada vez mais precária e mesmo com a morte da esposa, vítima de tuberculose, Edgar Allan Poe continuava a escrever de maneira inovadora. Encontrou uma forma de comunicação com o público, fazendo literatura comercial em alto nível. São também famosos os seus estudos literários, como “A filosofia da composição”, em que analisa a sua obra “O Corvo”. O poema foi adaptado para uma série de filmes de sucesso. Aliás, vários textos de Poe ganharam adaptações cinematográficas. 
   O trágico rei da fantasia e do mistério morreu na miséria, quatro dias depois de ter sido encontrado inconsciente em uma rua de Baltimore, em 7 de outubro de 1849.

(Parte da coletânea HISTÓRIAS DE POETAS, de William Mendonça. Direitos reservados.)