NA CONCHA DAS MÃOS

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Lembro que o período era de inverno.
Chuvas torrenciais inundavam aquele "território".
Recanto sagrado das terras onde nasci e morei por bastante tempo...
Lagoas e açudes cheios, fartos, transbordantes...
Plantas aquáticas surgiam, tal e qual uma floresta em volta daquela fonte, emergiam das águas turvas ou claras.
Das águas destronadas da parte mais profunda
também se exibia a outra floresta preenchendo os espaços rasos no pátio do açude:
A plantação de arroz do meu avô.
E nós... éramos os guardas-mirins a proteger o arrozal que ali fora semeado no início do inverno
e logo crescera exuberante e muito verde.
Era preciso ficar bastante atento, quando o arroz estava maduro.
Os grãos eram o petisco favorito daquelas avezinhas.
Pobres passarinhos que vinham sequestrar as sementes.
Sei que eles só queriam levá-las para alimentar
os filhotes famintos, de bico aberto, à
espera no ninho.
Era ali, em plena, inocente e doce infância onde bebíamos água na concha de nossas mãos.
E nos saciávamos com a outra água... a água mais doce e cristalina de nossa total e "irresponsável" liberdade.

Isis Dumont

 
Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 22/04/2012
Reeditado em 23/07/2015
Código do texto: T3626696
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