Batuque na caixa/O início

Tendo o Instituto Cultural Arte Brasil iniciado suas atividades pedagógicas culturais no ano de 1.999, na Casa do Caminho, com o projeto Batuque na Caixa, que contava com músicos e oficineiros voluntários que se deparavam, naquele momento, com o desafio de trabalhar com crianças e adolescentes do albergue infantil e cujas histórias vinham de diversos traumas ( abandono familiar, estupro, marginalidade, fome ).

A música seria o instrumento para dar novo alento a estes seres tão jovens e tão carentes de apoio e solidariedade, mas também para inserir socialmente e buscar um trabalho integrado com a comunidade. Por isto, foram abertas neste primeiro ano 100 vagas para serem ocupadas por todos os internos e semi-internos da Casa do Caminho e 150 vagas para crianças e adolescentes de toda a comunidade de Londrina.

A utilização de instrumentos de percussão justificava-se pelo preço e facilidade para iniciar um trabalho pedagógico que privilegiasse a prática musical aliado a conceitos teóricos bem dinâmicos e modernos formando a base das oficinas, junto a instrumentos de cordas e canto popular.

Mais tarde, verificou-se que o grupo já intuía, que no mundo de hoje qualquer prática de arte-educação não deve ser feita isoladamente, mas integrada com as demais áreas e por isto a estas oficinas, se somariam Teatro, Desenho e Literatura.

No final de 1999, o que vimos foi um espetáculo de criatividade, os alunos de cordas tocando com os percussionistas, estes fazendo base rítmica para os cantores, os instrumentistas procurando os alunos de Literatura para oferecer música para seus poemas e os alunos de Teatro querendo a participação musical dos colegas do projeto. Um espetáculo de conclusão das turmas em 15/12/1999 mostrava que o projeto recebera alunos de todas as partes de Londrina, e que, estes estavam muito bem integrados com as crianças da Casa do Caminho, fato observado inclusive pelos dirigentes da instituição, que sempre tiveram problemas com a comunidade, causado pelo comportamento não tradicional destes internos.

Tendo áreas nobres, vilas antigas, conjuntos habitacionais e assentamentos emergentes separados como numa espécie de guetos urbanos, a cidade de 500 mil habitantes e apenas 70 anos de emancipação, viu crescer estas regiões com suas características próprias e no caso da periferia as gangues de jovens, as rivalidades e o conseqüente isolamento.

O que vimos acontecer apesar das rixas e da timidez inicial, foi à integração destes jovens através da música. E mesmo o gosto pessoal por determinados estilos musicais era posto em segundo plano para favorecer um trabalho em grupo.

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Enviado por batuque na caixa em 21/10/2012
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