DARIO FO

Ressuscitando a commedia dell´arte
 
   Se Luigi Pirandello é o grande nome do teatro italiano do início do século XX, o dramaturgo, cenógrafo, ator e pesquisador Dario Fo ocupou este posto na segunda metade do século. Isto se justifica não apenas pelo Nobel de Literatura a ele conferido em 1997 (prêmio recebido também por Pirandello em 1911), mas pelo sucesso e ampla difusão de suas peças, como "Morte Acidental de um Anarquista", "Toda Casa, Leito e Igreja" e "Partes Femininas".
   Nascido em 24 de março de 1926, em Sangiano, província de Varese, Itália, Dario Fo teve berço teatral. Seu pai, Felice, que ganhava a vida como ferroviário, era também ator em uma companhia amadora de teatro. A mãe, Pina Rota, escrevia e chegou a publicar. O avô materno, Bristin, era um contador de histórias, que levou o menino Dario em muitas viagens pelo campo, para vender os produtos de sua fazenda. Ouvir e contar histórias foram coisas decisivas para o teatro e a literatura de Dario Fo.
   Depois de uma infância em que se mudou muito, em virtude dos deslocamentos do pai para trabalhar em outras estações ferroviárias, Dario Fo chegou a iniciar os estudos de arquitetura em 1940, em Milão. No entanto, a 2ª Guerra complicou as coisas e, recrutado para o Exército, Dario fugiu do serviço militar e passou os últimos meses do conflito escondido. Seus pais trabalharam na resistência ao regime fascista de Mussolini.
   Após a Guerra, Dario Fo completou seus estudos de arquitetura e, até 1951, trabalhou em projetos de palco e cenografia. Ao mesmo tempo, começa a atuar, fazendo monólogos de improviso. Envolve-se com o chamado “Teatri do Piccoli”, um movimento que influenciou sua ideia de volta à commedia dell´arte e ao palco popular. Na década de 1950, entra para a companhia de Franco Parenti, atuando como comediante.
   Decisivo, também, na vida de Dario Fo, sem dúvida, foi o encontro com a atriz Franca Rame, sua esposa e companheira de projetos teatrais. Casaram-se em 1954. O sucesso internacional veio em 1960, com a peça "Os anjos não jogam Fliperama". Sempre lidando com temas polêmicos, sofrendo com a censura, flertando com a política e incomodando a Igreja, o dramaturgo (que nunca deixou de interpretar os próprios textos) utiliza a tradição popular para construir um teatro que representa o presente com olhar crítico e satírico. 
   Em obras como seu “Manual mínimo do Ator”, Dario Fo apresenta ao teatro contemporâneo um novo caminho a partir de uma antiga escola.

(Parte da coletânea GENTE DE TEATRO, de William Mendonça. Direitos reservados.)