Ser estranho

Sou considerado estranho

Devo ser mesmo

Afinal

Olho como se estivesse

Tentando confortar

Ler a alma

Ando como se o mundo tivesse que me esperar

Ou fosse um espetáculo ambulante a ser apreciado

Sorrio de forma que arranco o sorriso alheio

Toco como se fosse queimar com meu calor

E quando ouço

Ah, então nada mais importa

Se estranho é ler alguém

Ver como é de verdade

Então não sou daqui

Não sou deste mundo

Mas cá entre nós

E só entre nós

Estranho é ver a gargalhada inocente

De uma criança

E não sorrir

Ouvir o refrão da música

Que te marcou

E não cantar

Não se emocionar

Ao sentir o calor humano

Num mundo tão egoísta

É não guardar

Os melhores momentos

Na memória

Realmente não sou normal

Vivo para encantar

E amo isso

Esse é meu jeito

Perdi a conta de quantas vezes

Fui chamado de bruxo e macumbeiro

Ou estranho

Estranho por ler alguém em sua palma e acertar

Ver o que ninguém vê nos olhos e sorriso

Modo de falar

O caminhar

Somos fontes gratuitas

De tanta informação

Mas preferimos ser fúteis

Que olhando o grosso

Ignoramos os pequenos

Mas mais belos e importantes detalhes

E vemos apenas humanos

Generalizados e perdemos a vista

Da magia da individualidade

A essência de cada um

Apenas abri meus olhos

Para enxergar

A vida como ela é

As pessoas como são

Pessoas são livros

Fantásticos e esquivos

Sou apaixonado por elas

As pessoas

Por isso digo

Entre o bem e o mal

Escolho a humaninade

Eu fico com a paz

Talvez eu seja só um romântico

E olhe tudo com os olhos de um sedutor

Que aprendi a me tornar

Um conquistador de almas e corações

Mas era isso

Ou ser normal

E perder o espetáculo

Que a vida e as pessoas são