Carta para Tamar (7)

Lavras, 14 de abril de 2009-

Oi Tamar.
            Quando me perguntam se está tudo bom não sei como responder. As vezes a opção é para considerar a pergunta como uma figura de retórica e apenas confirmar: sim, tudo está bom. Mas as vezes começo a fazer uma lista de duas colunas, uma positiva, outra negativa. Perco mentalmente um tempão fazendo a tal lista mas no fim a resposta acaba sendo: tudo bom e com você? Afinal uma carta não é o melhor lugar para digressões filosóficas sem nenhum propósito.
           Então vamos continuar o papo, interrompido antes de começar: no geral está tudo bom fora o que está ruim mas de coisas ruins não vale a pena falar.
           Agradeço a foto. Amo Recife, amor novo é verdade, mas profundo e verdadeiro. Gostei dos tons de azul. Espero voltar lá ainda este ano embora não saiba quando. Seria muito bom se quando isso acontecer você também possa estar lá: poderíamos nos conhecer face to face. Acho que seria bom. Tenho lá, além da família de minha irmã, uma grande amiga, a primeira que fiz em Lavras: quando estamos juntas é como se o tempo não tivesse passado, somos jovens ainda e cheias de sonhos e esperanças. Você gostaria dela.
           Não conheço João Pessoa. Minha irmã esteve quase indo para lá no final do ano passado.Dizem que é uma cidade encantadora, boa para morar. Que sua filha e Sofia sejam bem felizes nessa vida nova.

     Puxa, mulher! Isso é que é sonhar grande –Transpor-se para o século XIX e assistir uma ópera bem acompanhada seria realmente o máximo. Ao vivo e a cores eu só vi e ouvi uma ópera neste século conturbado em que vivemos e não foi assim tão bem acompanhada. Apesar de ter sido maravilhoso: Vi o Fantasma da Ópera em São Paulo , um espetáculo realmente deslumbrante.

           Eu também gosto do Milton Hatoum, mas não li esse que você está lendo. Atualmente estou lendo Viver para Contar de Gabriel Garcia Márquez e descobrindo de onde ele tirou material para todas as suas histórias fantásticas. Apesar de ser um ótimo livro estou me sentindo como se estivesse lendo histórias repetidas já que conheço boa parte de sua obra.

            Ficar sem internet é realmente muito chato. Eu não sei nem entrar em uma lan-house. Se tiver que navegar ao lado de um bando de pessoas acho que vou me sentir completamente deslocada. Espero que essa situação tenha fim logo, afinal o Olho do Pombo merece toda atenção. É um blog muito bom.

         Estou tentada a aderir a Arte Postal. Seus envelopes, embora endereçados a mim e meus para sempre, estão me causando inveja. Este último então, está perfeito.

          E aí? As aulas começaram? E a nova cidade? Adorei o nome de sua rua – uma pergunta: Você a escolheu ou foi ela quem lhe escolheu? Um nome mais que perfeito para você.

          Ainda tenho umas coisinhas para fazer e a noite já está correndo. Sendo assim, até a próxima. Tenha bons dias em sua nova fase de vida.
 
                                  Um abraço da  Merô