Esta (não) é uma carta de amor...


Essa não é mais uma carta de amor
São pensamentos soltos
Traduzidos em palavras
Pra que você possa entender
O que eu também não entendo
.

Carta de Amor
(Jota Quest)
 
Querido, (não devo mais chama-lo de meu amor),
 
 
Você sabe o quanto gosto de escrever cartas e, mais ainda, cartas de amor. Mas, agora que o amanhã se apagou dentro de nós, para quem endereçarei todas as cartas de amor que continuam escritas dentro de mim?

A quem enviarei as cartas que teimam em se (re)escrever toda manhã quando acordo e não o encontro ao meu lado? Para onde endereçarei as cartas ditadas pelo amor que transborda em mim quando lembro de seu olhar?


Acredito que você sabe o quanto as pequenas lembranças do nosso doce convívio permanecem presentes em mim e tudo isso eu gostaria de contar numa carta, daquelas que você lia com olhos brilhando, voz embargada, mão me procurando.


Também sabe que nenhuma sombra ou nuvem será capaz de ofuscar à luz que brota do meu coração "quando penso em você". Nenhum adeus será capaz de colocar um ponto final na produção de cartas que continuam nascendo em meu peito.

Não, definitivamente não. Não devemos remover a linha que nos coloca em lados opostos, mas nunca separados. Melhor assim. Para mim, para você. Para nós. Amar, no nosso caso, não é suficiente.

Por isso recolho as palavras, guardo o papel, jogo fora a caneta, ligo o rádio e fico ouvindo nossas canções: “eu sei que vou te amar, pra toda minha vida eu vou te amar...”, "como é grande o meu amor por você"...

Impossível não sorrir com as lembranças de nós dois, das manhãs, tardes e/ou noites compartilhadas, das brincadeiras bobas, do acordar no meio da noite apenas para comtemplar seu rosto sereno, de acordar com um beijo quente convidando-me para uma doce entrega.


Definitivamente não vou conseguir parar de escrever cartas de amor, mesmo que seja para guarda-las juntas com todas as outras que fazem parte de nossa história comum, afinal, nada mudou. Tudo continua igual, mesmo sendo diferente.

Sabe que até o espelho de meu quarto fala de você? Quando me vejo refletida nele sinto que meus olhos brilham ao lembrar a luz de seu olhar me fitando. Portanto, nada de cartas endereçadas a você, elas continuarão aqui, dentro de mim, testemunhas de uma história de amor que teve fim sem nunca terminar. 


 
 

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Cartas de Amor
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Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 25/11/2013
Reeditado em 03/02/2014
Código do texto: T4586074
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