O homem ao fim do túnel

Do piano soa sua última nota, como se fosse o fim de uma harmoniosa melodia.

Fúnebres sensações, não são as razões para estares aqui.

Voa com suas próprias asas, metamorfose ambulante.

Não há mais razões para existir?

Entre passos e vindas, ampulhetas de ações.

Contam como o tempo perdido que não pode voltar.

Saindo da toca, filhote ganha coragem, a força e vontade.

Por que não podes se dar o direito de se amar?

Poderias deixar epitáfios alheios de esperanças vazias?

Onde alheias vizinhanças batem na porta do infinito.

Reiniciam o ciclo mas deixam saudades.

De tempos que prosperaram feito mitos.

Ao olhar para o porta do céu, e antecipar a visita aos íntimos.

Deixas saudades àqueles que queriam teu sorriso.

Abandonas seus egoísmos e interesses ínfimos.

E cumpres, mesmo com pesar, o meu aviso.

Ao fim do túnel, volta para a toca, filhote do homem.

Ele não é o motivo para tu estares aqui.

Ele não é motivo para hesitar.

A luz se apaga e não se pode voltar.

A caixa se fecha e não se pode mais abrir.

O coração cessa e não consegues mais amar.

O horizonte adiante não é teu limite.

Muralhas tão grandes não vão o parar.

Intermináveis lágrimas descem sem fim.

Sem necessidade do entrelaçar.

A corda acorda sua esperança.

A covardia não é seu motivo para hesitar.

A lápide não precisa ser aberta.

Não existe uma hora certa.

As flores podem esperar.

Deixem elas para as abelhas.

Onde polinizam a vida.

Vida esta que está por um fio.

Por causa de um coração partido.

Não poderias ser menos convencida?

Escute meus conselhos.

Não mereces acabar assim.

Com dores febris, tudo isso será em vão?

A dois passos do paraíso.

A sete palmos do chão.

Alça voo, águia destemida, mas não voas errado

Voas para a direção oposta do sentimento

Alcance seu próprio céu

E como na areia movediça, turbulência só vai a afundar

Não merece sentimentos puros, quem não sabe te amar

Flutue sobre o mar abissal da mesmice

Trespasse o som fúnebre de um funeral

Supere, busque, tente, falhe, sorria, abrace

Há quem queria amar como tal

É somente uma fase passageira, a dor de uma perda

Perda essa que não faz falta, se molda ao amor

Caráter desfeito, com a moral desmanchada

Não será fruto de que você já plantou

Não será julgada, e mesmo que fosse, iria superar

Desse sonho e ambição do tamanho do mar

Esse é o desabafo de um homem triste

Que humildemente tentou ajudar

Em ser a luz em meio a tanta escuridão

Onde eu estaria há anos se eu não tivesse desistido?

Achei que só precisaria de um amigo

Fico feliz em ter aceitado pegar em minha mão

E não ter se abaixado para a foice da morte

Agora ofereço-lhe o meu coração

Não é apenas mais uma pessoa com sorte

Prometo ser para sempre seu verdadeiro amigo

E não apenas ser seu salvador

Olhe para frente, siga sem pesar

Voa comigo, mais alto que já sonhou alcançar

E assim o filhote volta para a toca

Experiente, com cicatrizes no antigo passado

Há quem diga que já existiu quem viveu

Sem sofrer por um dia ter amado

Inconstante como um trêmulo sentimento passageiro

De euforia utópica, desejada e alvejada

Com uma pessoa que um dia esteve ao seu lado

Mas com as pessoas, os sentimentos vão embora

E o antigo filhote, já adulto sai da toca

Maduro, e mesmo com o passado sombrio

Segue em frente, imune a desejos mundanos

E, mesmo que sorridente, possa ainda se machucar

Não há barreiras que impeçam, de gente como a gente

Um dia, voltarem a amar.

Leonardo Nali
Enviado por Leonardo Nali em 18/08/2017
Reeditado em 23/08/2017
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