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HELZINHO E O LINGERIE LILÁS

Ysolda Cabral

 

Aniversário de namoro e Helzinho esqueceu de enviar flores para Amada. Alias, esqueceu até que era aniversário. Seria um ano, dois, três, dez?... Desde que conheceu Amada ela se fez sempre em sua vida. Como lembrar o dia exato? Contudo, ela era dada a essas coisas poucas, um quase nada diante do tanto que ela lhe fazia feliz, apesar do ciúme nem sempre infundado. ( A carne é fraca e o pensamento vaga quando a gente dá de cara com mulheres bonitas – mesmo as virtuais...)  Nunca a traíra de fato, só um pouquinho em pensamentos, não tão a jatos, posto que rendiam uma ou outra letra de alguma canção que oportunamente comporia.

Mas o fato é que a essas alturas nada poderia fazer em relação ao presente de aniversário de namoro. Domingo à noite, em cidade pequena, esperar encontrar uma floricultura aberta, uma loja onde pudesse comprar um presente qualquer, nem pensar! O jeito era enfrentar a fera de cara limpa ou pensar em algo diferente...

Enquanto isso Amada, em sua casa, conferia se estava tudo em ordem. Preparara-lhe para o jantar um Salmon ao molho branco, acompanhado de um bom vinho e macarrão. “Helzinho tinha um gosto, que Deus me livre!”, pensou sorrindo. As flores, recém-colhidas do jardim, davam um toque de suavidade e alegria ao ambiente à meia-luz! Tudo estava em ordem. Olhou-se, então, no espelho e gostou do que viu. Sentiu-se bonita e imaginou a cara de Helzinho quando descobrisse que por baixo do vestido que usava, havia um novo lingerie. Um lingerie lilás...

Ansiosa, olhava o relógio a todo momento. Ele normalmente chegava por volta das oito da noite, mas o relógio naquela noite não queria andar. E quem andava, agoniada, pra lá e pra cá, era Amada. E deu oito e deu nove e nada de Helzinho chegar. “Vai ver que ele se atrasou por conta do meu presente!” Com este pensamento se acalmou um pouco...

O que será que ele iria lhe trazer? Por mais que pensasse não conseguia imaginar o que seria. A bem da verdade, só queria dele, ELE. E como queria! Queria mais que qualquer outra coisa que um dia quis da vida desde o momento que o conhecera.

Finalmente, às 21:30, Helzinho chegou trazendo o franzido na testa - característica sua quando muito chateado, aborrecido, contrariado pra valer! A chateação era tanta que mal chegou já foi logo falando:

- Minha Flor! Ontem fui comprar um presente pra você e não sei a razão de cismar em lhe dar um novo lingerie. Procurei em todas as lojas um que lhe caísse bem. Depois de muito procurar, finalmente encontrei. Porém, na cor lilás. Eu não gosto dessa cor. E aí, nada lhe trouxe!... Você me perdoa?

- Claro, meu amor! Até porque também não lhe comprei nada! É que estou naqueles dias e não deu para sair de casa. A '' TPM'' não deixou. Agora vamos jantar que preciso dormir cedo. Amanhã o dia é branco e a noite está bem vermelha...

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E NO DIA SEGUINTE NO BRECHÓ...

VENDE-SE ..........................................>