O que é o amor?

Esse texto eu escrevi ano passado e guardei.

Não sei porque ao certo fiz isso, talvez eu soubesse que deveria esperar por algo que até 4 meses atrás eu não sabia o que era.

Ou quem era.

E agora que eu sei que era você quem eu estava esperando Flavia, acho que está na hora de colocar esse texto no ar como uma forma de dizer que foi por você que eu passei a minha vida toda esperando.

Te amo.

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O que é o amor?

Ele estava sentado naquele banco já fazia um bom tempo.

Era escritor, não por ofício ou obrigação, mas por paixão mesmo. Estava enroscado em um conto que tentava escrever há tempos, mas as ideias não queriam vir.

O nome do conto era “O que é o amor?” e essa pergunta era algo que de certa forma o perseguia desde sempre.

Já havia se “apaixonado” várias vezes, mas isso para ele era algo passageiro, fugaz. Sempre desejou se “enamorar” de alguém, pois para ele, paixões acabavam da mesma forma que surgiam: do nada!

Gostava de ouvir os problemas dos outros, era uma forma de se distrair, de se sentir bem fazendo algo de bom, mesmo que fosse para outras pessoas, mas na verdade, o que o movia era a esperança de ao encontrar uma resposta para os problemas alheios, talvez pudesse encontrar as respostas que tanto procurava.

Toda vez que precisava de inspiração para escrever ele ia até aquele banco que ficava a beira mar. As ondas ao bater na areia eram, para ele, como o estalo de um beijo dado entre dois amantes, era a materialização de um desejo, e sem saber por que (e nem se importando com isso para ser sincero) isso fazia bem a ele.

Se alguém perguntasse o porque dele gostar de escrever ali, sua resposta era essa: “O mar me acalma, é como se existisse apenas eu e ele, mais ninguém, mais nada a nossa volta e assim, posso ser eu mesmo”.

Fazia sentido? Ele não dava à mínima se alguém entendia ou não, mas para ele, em um nível subconsciente talvez, não só fazia sentido como nem precisava fazer.

Mas hoje o mar não era suficiente para lhe dar a paz e inspiração que precisava. O mar estava parado, frio, quase que vazio, exatamente como ele se sentia quando tentava achar argumentos para contar essa nova história.

“Chega!”, ele havia resolvido desistir e voltar para sua casa. Talvez fosse melhor assim, certas coisas não tem resposta ou talvez até tenham, mas elas não estão ao alcance de todos.

Só que as vezes elas estão, mas apenas aparecem no momento certo.

Conformado que não haveria mais o que fazer, estava juntando suas coisas e se arrumando para ir embora quando a viu.

Ela vinha caminhando pela praia com seu vestido de um verde vivo e alegre, a pele branca brilhava ao Sol e as sardas se destacavam mais ainda, como pequenas brasas acesas queimando seu caminho através daquela pele alva. Mas seus cabelos, aqueles cabelos vermelhos eram lindos, eram como fios de cobre incandescente que desciam por aquele rosto lindo, como um rio formado pela lava mais viva e quente que contornavam o sorriso mais lindo que ele já havia visto.

E foi naquele momento que tudo ficou claro para ele. A história se fez toda em sua mente e agora era só colocá-la no papel.

Porém, o título dela precisava ser modificado, passar por uma pequena correção.

Voltou a se sentar no seu já conhecido banco e abriu seu caderno. Nele, apenas um título rabiscado se fazia ver e ele riu ao pegar a caneta vermelha com a qual o alterou.

O que é o amor? Esse era o título, mas agora ele sabia o que estava errado, ou melhor, o que estava faltando.

E assim ele escreveu sua história do jeito que ele sentia que deveria ser, mas agora o nome havia mudado.

Ele a chamou de:

“O que é o amor? Não sei, mas sei que ele tem cabelos vermelhos”.