Fernanda

Céu azul, sol brilhante e um sorvete de maracujá. A sexta-feira perfeita para combinar com as mudanças perfeitas que vinham acontecendo na vida de Fernanda. Estava em um casamento maravilhoso com um homem incrível havia um ano, tinha acabado de ser promovida no trabalho e conseguiu enfiar-se dentro de seu jeans favorito sem muito esforço.

A vida ia bem para Fernanda. Então por que, na calada da noite, depois de deitar-se, ela sentia um vazio inexplicável?

Achava que não precisava de mais alguma coisa, afinal, tinha tudo o que suas amigas queriam. Assim, simplesmente ignorava tal sentimento. Se o mesmo insistisse em aparecer de dia, ela ia tomar um sorvete, como naquela tarde de sexta-feira.

Enquanto Fernanda estava perdida em seus pensamentos, uma mulher tropeçou ao lado de sua mesa e derrubou um copo d’água em seu colo.

“Ai, meu Deus! Mil desculpas! Eu sou tão desastrada! Ai, eu te molhei toda, desculpa mesmo!”

Fernanda levantou-se da cadeira para secar suas coxas. “Está tudo bem, está calor hoje então já, já seca. Você...”. Ela não conseguiu terminar a frase depois de olhar para a mulher. Até hoje não saberia explicar o que sentira naquele instante. O olhar daquela ruiva a hipnotizou. Aqueles olhos cor de mel eram tão profundos, tão atraentes, tão... reais!

“Eu... o quê?”

“Você se machucou?” Fernanda tentou voltar a respirar.

“Ah, não. Já estou acostumada com o fato de ser toda atrapalhada...”. A ruiva sorriu o sorriso mais encantador que Fernanda já havia visto. “Desculpa de novo!”

“Imagina...” Ela sorriu de volta. “Meu nome é Fernanda. Prazer” Estendeu sua mão amigavelmente.

“Camila. Prazer”

As duas ficaram em silêncio por alguns segundos até Camila quebrá-lo.

“Posso te pagar um café para compensar o estrago que fiz?”

“Eu adoraria!”

Talvez Fernanda tivesse achado o que preencheria seu vazio inexplicável...