O gato amado, o coelho protetor e uma Alice iludida.

[...] "Não se iluda", disse o coelho branco, mas o brilho do gato de cheshire me fazia querer abraçá-lo, tocá-lo, beijá-lo e amá-lo. Um passo de cada vez, um pé seguido de outro, minhas mãos trêmulas almejando o toque, meus olhos brilhantes pela luz roxa do amor, o sorriso hipnotizador dele, o meu coração batendo forte, minha respiração rápida, então o coelho me puxou e eis que o meu devaneio desaparece diante de meus olhos... O encantador gato de cheshire me queria morta, pois um passo a minha frente estava um grande e profundo precipício. Então olhei para baixo, para o fundo e eis que a escuridão me encarava, ela sabia do tamanho da minha decepção e de forma singela me enviou uma sonora melodia de tristeza –algo que simbolizava um amor proibido–, um leve sopro de vento e de consciência... E então eu me soltei do coelho, que me olhava de maneira curiosa e preocupada, dei alguns passos para trás na intenção de aumentar a distância entre mim e a ponta do precipício, inspirei profundamente o ar que me cercava e expirei toda a triste melancolia em meu peito. Os olhos arderam de tal forma que meus olhos lacrimejavam intensamente, mas será que eu não estava chorando por conta própria? E eu disse ao pobre coelho angustiado: "Eis aqui o meu triunfo coelho, a prova do meu amor, e eu espero que a próxima Alice seja mais esperta do que eu". Então eu corri e me joguei, sentindo meu corpo flutuar no vazio, meu vestido chacoalhando de forma violenta assim como meu cabelo, minhas lágrimas voando e meu coração batendo rápido... Eu me encolhi, me abracei forte e gritei tão alto quanto eu jamais pude: "Eu te amo!", e então tudo à minha volta se iluminou. [...]

Chari
Enviado por Chari em 01/05/2015
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