Destino

Em certo dia, aconteceu algo surpreendente. Eu estava passeando, curtindo o ar fresco do outono quando parei ao lado de alguém. Coisa rápida, alguns segundos, mas pareceu uma eternidade. Foi como se a ligação entre nós fosse algo de anos atrás. Talvez, vidas atrás. Um sentimento brotou de repente, algo que nunca achei que existisse ou que era de verdade. Nossos olhos encontraram-se e pude ver o reflexo místico que ele transmitia. Algo que vai além da imaginação. Tanto a razão quanto a ciência não poderia explicar. Seu sorriso meigo juntou-se ao meu. Meu coração foi montando-se como um quebra-cabeça embaralhado e que as peças, enfim, encontraram seu lugar de origem. Ele nunca foi completo, até naquele momento. Um sentimento que só acreditei quando pude tê-lo em minha vida, quando senti este coração palpitando de excitação e felicidade.

Mas, como viver para uma pessoa que já tem outro alguém? Esses sentimentos presos em outro mundo, onde não há espaço para mais ninguém. Nada é como queremos. Ela se sentiu dentro de um abismo onde só minhas mãos poderiam tirá-la dali. Nada é como queremos. Temos que aceitar nosso destino? Ou poderíamos tentar mudá-lo de alguma forma?

Eu olho o espelho e vejo uma imagem desmaterializando-se, perdendo-se. Minha carne derrete e eu olho minhas mãos, quase não há o que ver. Por quê? Pergunto. Por que este mundo é tão cruel e louco, tão difícil de entendê-lo. Se você não pode ser minha, por que nossos destinos se cruzaram? Clareou minha escuridão, mudou cada pedaço dentro de mim, moldou do jeito que se ajustava a suas preferências. Seus dedos tocaram minha pele sombria e sem vida. Você desenhou os traços que desejou. Minha alma foi liberta. Situações acontecem e vêm mais brilhantes que diamantes, mesmo sendo rápidas. Uma vez já foi o bastante. Minha jornada mudou, meu caminho tornou-se diferente. Cada um para o seu lado. Perdendo-se.

Pesadelo? Acordei confuso, com medo, impaciente. Em meio à solidão. Restos perseguem-me. Meu passado assombra-me. Alimentou estas coisas que não consigo matar. Depois, vejo sua imagem caminhando a minha direção. Isso corta como uma faca afiada. Machuca, e não há cura. Queimando minha paz, destruindo-a. Antes, eu tivesse me afogado em uma garrafa de cachaça e adormecesse profundamente. Talvez, meu caminho era pra ter sido diferente, mas se fosse também mataria a alegria que tive. Não há do que reclamar. Temos que aceitar o que está escrito. Se o destino quis assim, maldito e tirano ou um sábio imprevisível. Mas isto, só o tempo irá dizer. E até lá, nossos caminhos cruzam-se novamente. Talvez.

Pablo S Figueiredo
Enviado por Pablo S Figueiredo em 27/06/2015
Código do texto: T5291709
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