O ÚLTIMO SOLDADO - 10 de 10

No céu, os bombardeiros atravessavam a área dos acampamentos inimigos e lançavam bombas no território, naquele momento, o elicóptero e que estava James já estva no meio do caminho e podiam ver os aviões militares cruzarem o céu. James olhava pela janela e via a vasta àrea florestal lá embaixo, recordando-se de tudo que passou ali e sentindo alívio de estar distante do perigo agora.

As bombas lançadas destruiram todo o acampamento, antes mesmo dos terroristas se deslocarem para o Norte, acabando, obviamente, também com todos que estavam neles. Agora só se via fogo e escombros no local... E mais nada.

O elicóptero chegou na base militar às 16:00 h da tarde e James foi recebido com abraços e sorriso, inclusivamente do general.

- Estou surpreso com a sua força e coragem, soldado.

Disse o general e James falou:

- Deus estava comigo o tempo inteiro, por isso estou aqui.

- Estarei mandando elcópteros para vasculhar todo o restante da área e ver se hão mais soldados sobreviventes, é possível que tenham se deslocado para longe.

- Eu espero. Foi terrível ver, bem diante de meus olhos, diversos deles sendo mortos...

- Mas você demonstrou sua astúcia e que é um grande soldado!

- Mas tudo o que quero agora é voltar para casa e esquecer de tudo.

- Tem permissão para ir.

James voltaria para casa no dia seguinte, no primeiro trem.

Naquela noite, Aura teve um sonho: estava caminhando pelo parque e viu lá na frente Luan de braços abertos no lado esquerdo e James no lado direito. Ela começou a correr para James, mas ele meneava a cabeça negativamente para ela e não lhe abria os braços. Quando Aura chegou perto dele, ele estava com o peito sangrando e disse: "não quero que me espere" e depois caiu ao chão. Aura começava a chorar e Luan vinha abraçá-la e eles voltavam juntos para casa. Quando ela acordou, seu coração estava a mil e derramava suor da testa. Bebeu um pouco d'água e levantou-se, foi até a sala. Abriu a janela e ficou olhando a neblina no fim da estrada, sentiu uma lágrima molhar a maçã de seu rosto e cenas de terror devoravam sua mente, coisas que ela imaginava que teria acontecido, frases que se repetiam e gritavam em seus pensamentos "não me espere... Não quero que me espere..."

- Nãaaaao!

Ela gritou e caiu de joelhos no chão, apertando as mãos contra a cabeça, pois as vozes aumentavam e se multiplicavam em sua mente. Então, amedrontada, ela puxou o telefone e discou um número...

- Alô? Luan!?

- Aura? Está tudo bem?

- Luan, vem pra cá, por favor...

Ela dizia, em soluços e Luan falou no outro lado da linha:

- Você está em casa?

- Estou...

- Calma, já estou indo aí! Fica calma, tá?

Aura bateu o telefone e ficou ali, sentada no chão, tentando fugir das lembranças maléficas. Vinte minutos depois, Luan bate na porta e chama:

- Aura!

Ela se levanta e corre para abrir, assim que o ver o abraça fortemente.

- O que aconteceu?

Ele perguntou, fechando a porta e fazendo ela sentar no sofá.

- Coisas terríveis estão se passando na minha mente... Por favor, me ajuda...

Ela chorava, desesperada. E Luan, aconchegando-a em seu peito, disse:

- Tudo bem, estou aqui... Tudo bem...

Ele se levantou para buscar um copo d'água para Aura, mas ela o puxou pela cintura e perguntou:

- Aonde você vai? Não me deixa aqui sozinha!

Ele voltou a se sentar e segurou no rosto de Aura, disse:

- Só vou pegar um pouco de água, mas estou bem aqui com você, não vou te deixar sozinha... Está bem?

Aura assentiu e se encolheu no sofá, enquanto Luan foi até a cozinha. Ele voltou com o copo de água e entregou a Aura, sentou-se ao lado dela e enxugava suas lágrimas ao passo que ela bebia da água.

- Você me ligou e eu estava dormindo, levei um susto e quase caí da cama.

Disse Luan e Aura deu uma pequena risada. Ele continuou:

- Fica rindo, não é? Sabe a altura daquele colchão e como é duro aquele piso?

- Bobinho...

Aura enxugava as bochechas e sentia seu coração se acalmar, Luan estava conseguindo fazê-la sorrir e isso era muito bom, para ambos!

- Estava mesmo dormindo?

Aura perguntou.

- Unhum e até sonhei que estava dentro de uma joalheria e quando eu ia enfiar um diamante no bolso... Um alarme ensurdecedor tocou nos meus ouvidos, era o telefone.

Os dois sorriram e Luan perguntou:

- Está melhor?

- Sim, só me sinto culpada...

- Culpada pelo quê?

- Por estragar seu assalto à joalheria.

- Hahahaha!

Luan notou como Aura estava bem melhor e aquilo o confortou, não queria vê-la mais chorar, aqulo também doía muita nele, por isso procurava lhe fazer rir.

- Só quero te perguntar uma coisa... Tem pensado no que eu te disse?

Aura olhou intensamente para ele e repondeu:

- Sim.

- Que bom. Anseio saber de tua resposta, mesmo sabendo que pode não ser a melhor.

Aura respirou fundo e passeou os olhos na sala e da voz de Luan suou uma canção...

"Meu bem qualquer instante

Que eu fico sem te ver

Aumenta a saudade

Que eu sinto de você

Então eu... Corro demais

Sofro demais

Corro demais

Só pra te ver...

Meu bem."

Os olhos de Aura foram se fechando, até que ela adormeceu. Luan a levou para o quarto e colocou-a na cama, depois a cobriu com o edredom. Ficou sentado na poltrona ao lado da cama, velando o sono de Aura e depois de um bom tempo ele também pegou no sono.

O dia amanheceu e às 07:00 h James já chegara na estação, estava no banco a esperar o trem e não via a hora de chegar em casa, mas a viagem seria longa, ainda pegaria mais um trem, estava realmente distante, muito distante de casa. Fazia muito frio e até nevava ali, James vestia roupas grossas, casaco, luvas, cachicol e calçava botas. A ponta de seu nariz e as bochechas estavam vermelhas e seus lábios tilintavam de frio. Ele viu o trem surgir lá no começo dos trilhos e apanhou suas malas e se punha de pé, caminhou até a frente e esperou o trem. Os vagões passavam por sua frente, até que o trem parou e a porta de um dos vagões se abriu de frente a James e várias pessoas desciam e abraçavam outras pessoas que estavam na estação, James esperou todos sairem e após isso, entrou no vagão e sentou-se no lado da janela. Retirou as luvas e esfregou as mãos, encostou a cabeça no acochoado do banco e olhou para o lado da janela, viu as pessoas sorrirem ao se reencontrarem, viu outras chorarem ao se despedir e todos esses acontecimentos da vida.

As portas dos vagões se fecharam e o trem foi partindo, a estação foi ficando para trás. James continuava olhando para a janela, ele sempre gostou de ver a paisagem lá fora que mudava constantemente e, de repente, pingos rolaram pelo vidro e embaçaram a paisagem, uma chuva fina caía, o céu ficou totalmente cinza e parecia até já ser tarde do dia. James cruzou os braços e encostou a cabeça na janela, assim ele aproveitou para tirar um cochilo.

Quando James abriu os olhos já eram 20:30 da noite, parece que adivinhara que o trem estava próximo da estação, então pegou as malas e quando o trem parou ele desceu. Foram treze horas e meia de viagem e agora só faltava pegar mais um trem e isto só foi no dia seguinte. Entrando no segundo trem, James continuou sentando-se no lado da janela, retirou a foto de sua amada Aura e a adimirour, depois guardou a foto no bolso do casaco e olhou para a janela, encheu-se de ansiedade, estava bem mais perto de casa e já podia sentir o calor da lareira e o perfume de flores de Aura.

Depois de mais um dia, após o ônibus parar de frente a uma estrada cumprida, James se emocionou quando avistou sua casa. Deu o primeiro passo e já queria estar na porta, mas foi com um passo atrás do outro que ele recuperava a lembrança do campo, das árvores secas no outono, das andorinhas pousando na fiação e da neblina fantasiando a paisagem.

Seu coração batia forte cada vez que ele chegava mais perto da porta... Até que chegou. Largou as malas no chão, respirou fundo e bateu na porta... De repente... Ela se abriu. James, ao ver Aura, se deslocou do mundo, voltaram-lhe na mente todas as coisas boas que há tempos ele não vivia. Aura congelou ao vê-lo, não quis acreditar no que os seus olhos viam, crer numa coisa invisível parecia bem mais possível. James não se conteu e a abraçou com toda sua força e vontade, e em seguida... Lhe deu um beijo de amor, devorando seus lábios e deixando que aquele doce sabor derretesse em sua boca.

- Eu voltei para você, meu anjo, veja, estou aqui, estou de volta!

Ele dizia, com os olhos enxarcados e mesmo assin sorrindo, mas Aura continuava imóvel, a fitá-lo. James estranhou seu silêncio e quietude e, ainda meio que sorrindo, ele olhou para o lado e viu quando Luan saiu da cozinha perguntando:

- Quem é, amor?

James caiu num abismo e se afastou de Aura. Luan, quando o viu ali ficou abismado, surpreso e disse:

- James?

- Me desculpe, eu... não sei onde estava com a cabeça, perdão...

Falou James, olhando para Aura e recuando para a porta. Aura correu para o quarto e trancou a porta e antes de James se retirar, Luan segurou a porta e disse num tom baixo:

- Eu e Aura estamos juntos e... Pretendemos nos casar. Me perdoe, amigo.

- Não... não me dê explicações... Só... a faça feliz.

Então James virou as costas e partiu com um coração forte como de um soldado... E ele que pensava que havia vencido a guerra.

FIM.

Lyta Santos
Enviado por Lyta Santos em 01/08/2015
Código do texto: T5330757
Classificação de conteúdo: seguro