Johnny Darwin – Capítulo 3
Dois dias se passaram até Chloê bater em minha porta, passei horas pensando no que ela sentiu enquanto eu lia a poesia, mas também sabia que talvez fosse apenas ignorado.
Há uma grande praça em Barcelona onde costumava ir com meus pais na infância. Em seu centro um lago cristalino torna tudo ainda mais belo.
Subindo a ponte de madeira que liga uma margem a outra Chloê segurou firme em meu braço, parando exatamente no centro do lago.
-Eu sei que é você quem deixa os bilhetes na minha porta. – ela não olhou para mim, sabendo como eu reagiria.
-Bom... – fiquei paralisado e com medo. – pensei que nem os notasse. – completei.
-Como não? Guardo todos, só não conseguia ter certeza se era realmente você que os escrevia.
-E agora? – indaguei me sentindo derrotado.
-Seguimos em frente não? Estamos nos conhecendo, você é uma pessoa incrível e espero que possamos passar por vários e vários bons momentos.
-Não posso negar que me sinto aliviado. Por um segundo imaginei o pior, imaginei que pudesse me dizer qualquer coisa horrível e me deixar sozinho aqui.
Foi quando ela se aproximou do meu queixo, e ficando na ponta dos pés seus lábios preencheram os meus em um beijo sobre o sol mais bonito de outubro.
Voltamos para o apartamento dela, onde fiquei até o anoitecer, fizemos pipoca e assistimos a três romances atuais.
Dois dias se passaram e em uma banca de flores comprei duas margaridas. Ao chegar a frente da porta de Chloê ouvi um leve choro, ela batia algo contra a parede e se entregava as lágrimas. Abri a porta que não estava trancada e fui até a sala a levantar do chão.
-O que houve?
-Minha mãe, está cada vez mais doente e eu aqui, sem poder ajudar ou fazer nada para impedir que ela definhe aos poucos.
-Calma, a vida infelizmente é assim, muitas vezes nos sentimos apenas parte de algo, em vez de lembrar que somos o protagonista de nossa própria história.
-Obrigada Johnny, você tem algum compromisso hoje?
-Não. Posso ficar aqui.