Leila

Este era o nome da grande paixão dos tempos de Vila Floresta. Esta primeira flor do jardim de meu sentimento era, também, cobiçada, por outros meninos, o que colocou à prova minhas aptidões em corridas com obstáculos. Leila surgiu diante de meus olhos numa daquelas reuniões dançantes de domingo à tarde,tinha um olhar baixo, cor de café e um rosto magro como a juventude e não apenas proporcionou-me o que a infância pode trazer de melhor, o amor na sua forma mais pura, mas, também a oportunidade de desfrutar de algo que ficaria guardado para todo sempre, o primeiro beijo. O local escolhido foi o corredor localizado entre as duas escadarias que davam acesso aos motores da piscina do clube. Ela, escorada na parede, com as duas mãos para trás, junto aos quadris com olhar que espelhava a espera. Eu, tímido, tateava todas as paredes da alma a procura do botão da coragem. Após respirar profundamente fui me aproximando e encostei levemente meus lábios junto aos dela. Não fiz movimento algum, nada de língua ou respiração ofegante, apenas toquei e, embora, dias depois, tenha ouvido de um amigo que ela já havia beijado outros meninos e que eu havia perdido a oportunidade de esbaldar-me em "amassos" não esbocei qualquer arrependimento porque algo havia mudado, começava a ser trilhado o caminho para outras tantas paixões que meu coração viria a experimentar.

Caio Schroer