Segundos Infinitos
2 de dezembro de 2014
Meus olhos caminharam para o começo da estrada de asfalto bem longe.
Ainda não estávamos fora da cidade, mesmo assim, me senti livre.
Oitenta e cinco por hora. Pedro dirigia no silêncio.
As curvas eram perigosas, mas combinavam com nosso conforto inconsequente.
Três de dezembro, umas seis da tarde, um carro rápido e dois meninos na estrada.
Uma veia no antebraço era alta.
Outra descansava.
Ainda calado.
Com mãos concentradas.
Seu fino bigode órfão de cavanhaque e barba.
Me perguntou por qual motivo eu o observava. Eu não sabia e acabei por escapar um riso. Enquanto ansiava a resposta, seu olhar me acompanhava na espera do meu embaraço, caso me perdesse em palavras. Capturaria cada parte do momento.
Sorrindo.
Sorriso esse de quem, por algum motivo, queria ser cuidado.
Incansável.
Instável.
Porém Interno.
Pus meu riso contra o Sol e investi:
– Bem, já não está respondido?