O amor vence as diferenças


Aos 50 anos, Alberto foi operado em caráter de emergência.
Helena, jovem executiva, foi indicada para acompanhá-lo no pós- operatório.
Ao entrar no quarto, ele estava impaciente, evitando olhar para ela.
Ao cumprimentá-lo, ele perguntou o porquê do atraso?
_ Eu atrasada? Estou adiantada! Já olhou o relógio? _ E sem dar tempo de resposta ao homem, prosseguiu:
_ Como foi o seu fim de semana, Alberto?
_ Por que me pergunta? Por acaso isso te interessa? Não precisa perguntar só para parecer gentil. Ora, nem deves lembrar que existo quando sai daqui.
Entre olhares ela calou, seguindo com as medicações.
O silêncio invadiu o recinto por longos e intermináveis 20 minutos.
Após a aplicação da injeção e os demais procedimentos, Alberto quebrou o silêncio:
_ Hoje não quero ajuda no banho.  Vou tomar meu banho sozinho.  Por favor, apenas fique aí para o caso d’eu precisar.
Entendido, Sr. Alberto, como desejar.
A jovem viu naquele fato uma reprovação do Sr. Alberto, mas não disse nada, seguindo-o com os olhos, que se encaminhava para o costumeiro banho.
Percebeu que ele estava estressado, ficou triste com suas palavras.
O que ele não imaginava, era que ela gostava e admirava a pessoa dele.
Sentimento que vinha aflorando a cada dia, fazendo-a se perguntar: “será que era mesmo afeição”?
Após quase 1 hora, ele saiu. Barba feita e já trocado, não pedira ajuda para nada.
Ao ver que ele havia tomado banho e conseguido se vestir sem ajuda, Helena falou satisfeita:
_ Maravilhoso!  Vejo que já está voltando a ter a sua autonomia; sua vida normal.  Muito bem!
_ A senhora, D. Helena, deve estar contando os dias para se livrar de mim, não é?
_ Não, Sr. Alberto, fico feliz que esteja se recuperando bem; isso é maravilhoso!
Foi na direção dele e incomodada com seu comportamento, perguntou:
_ Desde que cheguei, notei que estás arredio e impaciente. Afinal, o que há com você?  Por que age como se estivesse chateado comigo? Diga-me, o que foi que te fiz?
Chegando mais para perto, sentado encostado na cama, ele a olhava sério.
No olhar havia algo além do mau humor, o que o incomodava devia ser outra coisa.
_ Quer  conversar  um pouco e contar o que há com você?
Ele respirou fundo e permaneceu em silêncio.  A mulher se aproximou dele, mas foi interrompida.
O pai de Alberto chegou ao quarto. Fora cumprimentá-los antes de ir para a empresa.
Tão logo recebeu as boas notícias de Helena, que Alberto já tomara banho e vestira-se sozinho,
O patriarca expressou grande alegria e contentamento, chamando a esposa, mãe do paciente, para compartilhar as boas novas.
Com os acontecimentos, acabaram não terminando o assunto de mais cedo.
No decorrer do dia, o clima era tenso; algo pairava no ar... Seria preciso conversar e encarar de vez aquela situação incômoda.
O tempo passou. Helena e Alberto não voltaram a tocar mais no assunto.
 Alberto emagreceu muito; estava bem magro. Não obstante, era um homem charmoso e vaidoso.
Iniciava um novo processo de reabilitação. Helena fora deslocada provisoriamente para cuidar dele, todavia, voltou a exercer suas funções executivas na empresa do pai de Alberto. Este por sua vez, não aceitava uma enfermeira tradicional.
Recusava veementemente a assistência dos profissionais de enfermagem para ajudá-lo nos procedimentos pós-operatório.
Helena se ofereceu para cuidar dele, afinal, era enfermeira formada. Fazia trabalhos voluntários e exercia com muito orgulho e amor a função de enfermeira nos asilos e ONGs onde fosse chamada a cooperar. A jovem se sentia muito feliz em poder ajudar os seus semelhantes.
No caso de Alberto, foi uma necessidade para ajudar a família, na qual era muito querida, menos por Alberto.
Desde o início, ele nunca gostara de Helena, mas nunca se soube o motivo. Mesmo contra a sua vontade, ele aceitou que ela fosse aplicar as injeções e auxiliar no procedimento pós-operatório. Passaram-se 2 meses...
Após ter voltado à sua rotina normal na empresa, Helena jamais deixou de falar com Alberto. Ligava para saber como estava e desse modo acabaram ficando próximos.
 Alberto havia se enganado a respeito de Helena. Com a convivência, a indiferença se transformou em amor. Nem ele sabia do sentimento que nutria por ela, até o dia em que soube que um amigo estava interessado nela e que os dois estavam saindo juntos.
Sábado, dia chuvoso e frio, início do inverno. Naquele ano o inverno chegara mais forte que os dos últimos anos. Após falar com o pai de Alberto, a executiva enfermeira ficou preocupada, pois soube que seu ex-paciente não estava bem.  Acatando ao convite do patriarca, foi ver Alberto.
Ao chegar à casa, após os cumprimentos de praxe, foi ao quarto de Alberto. Encontrou-o sentado na poltrona, cabisbaixo. O homem ficou surpreso ao vê-la.
_ O que faz aqui?
_  Vim ver você. Não posso?
Ele nada disse, parecia abatido, com início de depressão. Era nítida aquela aparência largada. Barba por fazer, cabelos grandes.
_Vim te convidar para passar o dia comigo. _ tornou Helena a falar._ Está começando a esquentar, olha o sol! Vai ser um dia bonito, vamos passear?
_ E quem vai com a gente; seu namorado, o Sérgio?
_ Ele não é meu namorado. Somos bons amigos, apenas isso.
_ Ah, sim, mui amigos. Deixe-me sozinho. Pode ficar com o Sérgio. Vamos, saia!
A jovem se aproxima dele, senta-se na ponta da poltrona e em silencio pega sua mão de vagar, acariciando o rosto de Alberto com a outra. Pela primeira vez ele se deixa levar pelos sentimentos e encara Helena nos olhos. O amor às vezes parece estranho e incompreensível.
O poder de um olhar, neste momento aflorou todo sentimento de ambos. O homem a puxou para seu colo e a beijou como nunca havia beijado outra em sua vida. Nos braços de Alberto, Helena se rendeu, correspondeu de forma tão intensa tanto quanto o sentimento de Alberto por ela. Não havia dúvidas que aqueles dois se amavam.
Alberto ofegante sabia que Helena também o amava, ela correspondeu da mesma intensidade seu beijo, ambos não conseguia falar, apenas se abraçavam e beijavam.
Alberto conduziu Helena até a janela, que dava para o jardim.     Helena, você aceita namorar comigo, ser a minha mulher? Tentei e lutei para não sentir o que sinto, por medo de ser rejeitado por você.  Fiquei louco de ciúme quando soube que Sérgio estava pegando pesado, investindo em você quando estavam saindo juntos, naquele dia em que você chegou e me encontrou furioso. Desculpe-me! Tentei segurar a onda, mas não consegui. Sentia muito ciúme de você. Helena ouviu tudo em silêncio, sem falar nada. Alberto a tomou em seus braços viris e a beijou copiosamente. Ela tomada pela emoção de sentir o amor de Alberto, olhou bem fundo nos olhos dele e respondeu:
_ Sim Alberto, aceito. Eu também te amo.
Ele não conteve a emoção e seus olhos brilhavam jubilosamente, junto com lágrimas de emoção. Naquele célebre momento, o tempo parou e o beijo de amor se eternizou.
 
 
 
 
 
 
 
 


 
Maria Mendes
Enviado por Maria Mendes em 25/07/2016
Código do texto: T5708298
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