Conversando com os ponteiros

Parece que o tempo não passa por aqui, e cada vez mais sinto a falta dele. Desde o dia que tomei a decisão de ir embora, imaginando chamar sua atenção e que falta faria minha presença em sua vida, agora fico eu aqui olhando os ponteiros desse relógio que parece não andar. Quinze dias está sendo uma eternidade, bem feito pra mim, que de tão orgulhosa escolhi a solidão ao invés de pedir perdão e me jogar nos teus braços.

Sempre que se inicia um novo dia imagino ele chegando, com seus olhos sérios, mas, ao mesmo tempo doces, suas mãos calejadas do trabalho pesado, corpo cansado e sua voz que de suave não tinha nada, me pedindo colo e vê-lo ali recostado sobre meu corpo me sentia a toda poderosa, dona daquele homem e ao passar as mãos nos seus cabelos percebia um conforto e uma euforia ao mesmo tempo. Nunca pensei que a saudade dos seus gestos iria doer tanto. Ai como eu queria um sinal, só um sinalzinho de que ele também sente minha falta, mas, não quero tomar a iniciativa até porque sempre fui eu a procurar a implorar e mesmo com essa vontade louca de ligar acabo resistindo e também desistindo por medo.

O medo parece um escape, mas, na verdade é real, pois, dessa vez, o silêncio ficou evidente no seu olhar, foi uma resposta sem palavras, foi fatal aquele instante que perdemos a noção de não nos percebermos como se nunca tivesse existido a melhor parte de nós... um amor que um dia aflorou como se nunca fosse acabar.

Susili
Enviado por Susili em 27/07/2016
Código do texto: T5710780
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