AMOR INCONDICIONAL

 
Todos os dias, paro em frente ao cruel espelho, carrasco do tempo, delator das minhas fraquezas, e pergunto a mim mesmo: "por que é assim?"

Vida esvaziada, lembranças perdidas no passado. Meus olhos não são mais os mesmos de outrora: Não têm mais o brilho intenso da tenra idade.

O rosto também se apresenta em fúnebre decadência, Quase nada há nele que lembre a força que impelia meu ser.

O corpo rasteja, implora pela vida intensa que se esvai, tenta manter-se com sacrifícios desvairados, mas não mais responde à mente, com a força de antes.

O tempo, aliado da morte, passou e fez mais uma vítima.

E o sonho do amor incondicional não veio, não mais virá, posto que é limitado à carcaça humana, que teima em se deteriorar a caminho da insensata morte, destino de todos, ponto-fim dos anseios todos.

O amor incondicional sempre fez parte do que quis: amar sem receios e medos, sem cobranças, sem limites, ultrapassando a existência da vida humana, cada vez mais frágil, cada vez mais fria, cada vez menos vida!
 
Reflito à beira da insanidade, diante do frio espelho, muitas vezes, beijei lábios lindos, outras não; muitas vezes, entrelacei meu corpo ao de mulheres belas; outras não; muitas vezes, tive orgasmos fantásticos, outras não; muitas vezes, sorri de felicidade com a mulher amada, outras não; muitas vezes, chorei as mágoas da saudade, outras não; muitas vezes tentei entregar, além do corpo, também minha alma, outras não.
 
Mas o amor incondicional sempre fez parte do meu mais profundo desejo. Sempre o procurei, sem nunca o ter verdadeiramente encontrado.

O amor incondicional é abstrato, inalcançável, talvez até inimaginável, dentro da incompreensível razão humana, prisão da própria alma quântica.
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 29/07/2016
Reeditado em 29/07/2016
Código do texto: T5713166
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