Noah Flint

Capítulo 58 - A Vida Que Não Vivemos
 
Escrito por: Steve
 
   Há um certo temor em dirigir novamente, desde o acidente, lembro quantas foras as vezes em que voltei a pilotar o Corvette, o azul já foi, agora restou-me o roxo.
-Aonde pretendemos ir? – Perguntou Noah.
-Se lhe dizer que não sei, seria a forma mais sincera de responder.
-Quer fazer uma viagem sem destino?
-Qual a graça em saber seu destino?
   Adoro bancar o filosofo, Barton assumiu a gerência do jornal enquanto eu e Noah iriamos sumir por pelo menos três dias. Katie e Olívia ficariam juntas por esse tempo, provavelmente cogitando as nossas aventuras.
-Por que escolheu essa cor?
-Roxo é uma das cores mais belas do universo.
-Só por isso?
-Não, eu poderia lhe dar uns quatro mil motivos, mas isso, realmente importa?
-Creio que não.
-Então, vamos focar, tudo bem?
   Vinte minutos dirigindo pela estrada e Noah inventou de tirar um mapa que estava no porta-luvas, claro que o arranquei de suas mãos e o joguei na estrada. Desculpe meio-ambiente!
   Quando saímos dos limites de Morristown senti-me um pouco mais livre, aquela sensação única de esquecer todos os problemas e focar apenas em um momento.
-Você não explicou por que insistiu tanto que eu viesse nesta viagem. – Noah e sua velha curiosidade.
-Pensei que com os anos você perderia essa mania infantil de querer tantas respostas, a vida é uma magia com data de validade, vale mesmo a pena, saber todos os motivos de nossos melhores momentos?
-Não é exatamente isso, só pensei ser estranho o fato de você insistir, coisa que não é de seu feitio.
-Você me conhece a meia década, não tenho permissão para mudar um pouco também? Relaxe. Esse momento nada mais é que uma última experiência, quero apenas sentir o vento em meu rosto, quero acelerar, quero gritar e cantar qualquer música que vier a cabeça.
-A última viagem do espírito aventureiro de Steve?
-De certa forma, sim, depois, devo dar lugar ao meu espírito pai.
-Espero que ele seja tão criativo quanto.
-Não penso que a criatividade possa ser tão importante assim, mas, quem sabe, ela possa ser a porta para descobrirmos mais qualidades em nós mesmos.
   Pisei no freio e acionei a cena para a direita, estacionando o carro perto a uma loja de conveniência, ao fundo, um grande lago estava nos chamando.
   Noah me acompanhou mesmo sem entender toda aquela empolgação, sentei próximo a margem e por alguns segundos observei meu próprio reflexo. Era como poder ver, cada transformação, cada corte de cabelo, sentir a barba crescendo, a juventude indo embora aos poucos.
-Podemos passar a noite na cidade. – Observou Noah.
-Podemos.

   
 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 23/02/2017
Reeditado em 27/02/2017
Código do texto: T5921627
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