A ADVOGADA DO ADÚLTERO
A ADVOGADA DO ADÚLTERO
Um acidente automobilístico provoca as passagens de Kleber e Maura, a sua esposa.
Na esfera invisível, o desencarne revela, à Maura, o desrespeito ao matrimônio praticado pelo marido ao longo dos últimos 17 anos.
Então, Maura, carregada pela mágoa e pelo ódio, passa a perseguir Kleber, formando um laço de compromisso que mais assemelhava-se a um grilhão que aprisionava um ao outro. De um lado estava Kleber que sofria as investidas da magoada esposa, além do sentimento de culpa que o torturava, pois admitia que, se a esposa sofria, realmente era por sua culpa. Do outro lado estava Maura, mergulhada em ódio cego que escurecia o seu períspirito a cada emissão de cólera contra o esposo.
Porem, ao Alto, chega a prece de Fernanda, companheira de Kleber fora do casamento.
Kleber e Fernanda se conheceram num restaurante onde ele era cliente assíduo e ela era uma das garçonetes. De imediato, levado por conhecimentos de vidas pretéritas, se reconheceram e se reafeiçoaram. Fernanda, então mãe de uma criança de 5 anos, deixada à própria sorte pela irresponsabilidade do namorado, lutava por criar o filho e manter um lar ao custo de muito trabalho e pouco salário. A afeição e a inconsequência os levaram ao relacionamento proibido.
Em lágrimas de saudade, dizia Fernanda:
- Querido Jesus. Quem sou eu para desejar que as minhas palavras cheguem até Ti. Porém, não quero pedir por mim. Quero pedir pelo homem que muito fez por mim e pelo meu filho.
Sei que ele errou, pois adultério é pecado. Sei que é errado arrumar outra família fora do casamento, porém, na verdade, Kleber foi um homem bom.
Ele me ajudou a ter uma casa decente, onde tive a chance de criar o meu filho longe dos maus exemplos que ele tinha nas ruas. O Senhor bem sabe o quanto de preocupação enchia o meu coração enquanto ia trabalhar, sabendo que, após a escola, ele iria ficar na rua com outros meninos que, mais tarde, sucumbiram aos erros e viveram tão pouco. Talvez, se não fosse esse homem, o meu filho teria o mesmo destino.
Por mim, Jesus, ele ficaria na escola o dia inteiro, mas não tinha dinheiro para isso. Só com o Kleber foi que passei a ter paz, pois o meu filho pode melhorar os estudos e ocupar todo o dia com a ajuda deste homem.
É graças a esse homem que o meu filho, hoje, é um rapaz saudável e com estudos. Graças a esse homem, Jesus, o meu filho teve um destino que não poderia dar.
O meu filho teve um pai, ainda que não em todos os instantes. Porém, nos poucos momentos juntos, Kleber o abraçou e aconselhou como se fosse filho do seu sangue.
Se tiver que castigar alguém, Jesus, castigue a mim que, confesso, simpatizei por ele e, mesmo após saber que era casado, deixei que tudo acontecesse. Não sei porque, mas deixei.
Então, é a mim que tens que castigar e, não, a ele que é um bom homem.
Ainda mais porque ele me ofereceu tudo o que a minha má sorte não me ofereceria sem deixar que nada faltasse na sua verdadeira família, seja de carinho ou material. Nunca, a pretexto de mim, virou as costas a sua família original.
Por favor, Jesus, peço-te que me atenda. Guarde as dores do castigo para mim. A ele, peço a sua absolvição.
Tão fervorosa e sincera prece foi ouvida e atendida. Um grupo de irmãos de luz se disponibilizou a descer até ao encontro de Kleber e Maura para resgatá-los da triste situação em que se encontravam. Não para, exatamente, absolver, pois, um mal feito a pretexto do bem continua sendo um mal. Mas, sim, para que se atenuassem as mágoas e o ódio no casal, dando condições favoráveis para, no futuro, em outra chance na carne, receberem Fernanda como filha.
Que Jesus continue nos abençoando