AMOR SEM DRAMA

 
Eram tão diferentes.
Ele intelectual, fechado, tímido, educado demais, religioso.
Ela desligada, expontanea, cética, espirituosa, desprendidida.
Ambos tinham algo em comum: eram sensíveis às artes.
Encontraram-se numa exposição  de  um
Pintor de Vanguarda: René Magritte.
Ele a viu de cabeça pra baixo tentando
ver o quadro noutro ângulo.
Ele baixou a cabeça até onde os olhos deram e perguntou:
Lindo não é?
O meu preferido, repondeu ela,
observando aquele brilho negro nos olhos dele.
Parados ora olhava o quadro, ora olhava um para o outro.
Ali começaram uma conversa inesperada. Sim, porque ele nem acreditava que tivera coragem de ousar falar com ela daquele jeito.
Despediram-se alí e dois anos depois ela vai com a turma de mestrado pra um estudo de meio e o encontra no grupo.
Pareciam amigos antigos conversando alegremente.
- Moro com meu filho adolescente, conversou ele. Sou separado.
Eu também, respondeu ela, mas não tenho filhos. Estou ainda muito ferida. Era apaixonada pelo meu marido e ele apaixonou-se por outra. Passaram-se quatro anos mas ainda estou ferida.
Simplesmente não esperava nunca.
Sinto-me muito bem com você e isso não é comum, sou muio tímido. Poderíamos ser amigos? Foram ao cinema. Filme chato, pipoca, passeio no shopping, silêncio, mas cumplicidade, segurança.
Vem ca, disse ele. Entrou na loja e comprou uma bonequinha gordinha. Presenteou-a dizendo : Presente, achei-a parecida contigo.
Ela emocionou-se. Como ele sabia que ela adorava bonecas?
Tinha uma coleção. Coincidência feliz. Não confidenciou-lhe mas mostrou que ficou feliz com a escolha.
Trocaram telefone, endereço e facebook.
Ela falou de sua viagem à África marcada desde o inicio do ano.  Ele disse que também iria se ela não se incomodasse.
Não houve drama, só um encontro feliz!
Viagem dos sonhos para ambos.
Descobriram-se entre árvores e animais selvagens,
amando-se perdidamente.

***

Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 16/07/2017
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