Maria Fumaça das Nuvens

Peço licença ao leitor e abro parênteses para relatar que parte do percorrido pelos três brasileiros, ou seja, de Ushuaia até o baixo EUA, agraciou as pegadas que ficaram para trás do escritor deste, com horizontes de nuvens carrancudas e céus transponíveis cor azul-anil, margeados com flores multicoloridas. Fui conferir de perto o lindo espetáculo natural. Aproveitei para colher flores e após despedaça-las em pétalas por pétalas, lancei-as ao vento uivante que açoitavam minhas faces. Levantar às 11 horas da manhã; almoçar ao meio dia; tomar café às 15; jantar às 18; marcar presença com a trupe às 23; dormir às 5 horas da matina e viver nesses moldes por mais de 70 anos, é dispender esforço em demasia para alcançar o vento e prejuízo em dobro para a fauna e flora. Contrário aos inquietos e ululantes ventos, que não dão e nem exigem sossego, a Natureza não reclama nada. Quieta iniciou as belezas do mundo, sonolenta e estática está.

Ao separar-me, eu de mim mesmo, os quais são duas folhas secas farfalhantes, plenamente secas e irrigadas pela inocuidade do sopro dos ventos, volto ao meu estado de letargia para continuar relatando a viagem feita à carretera Pan-americana. À noite pintava estrelas com cores estranhas, porém, quando vista a olhos nus por andarilhos noturnos, metamorfoseavam em monstros reverberando a cor da esperança.

Feito inédito para um pintor, que pintava com cores vivas as andanças dos pirilampos, mas não sabia pintar estrelas cintilantes. Também puderas e contrário dos homens que pensam possuir, as estrelas são astros que possuem brilho próprio. Por fim, resumindo a história, naquele transe anormal de ser, mas pouco ou nada sabendo quem eu era, talvez uma locomotiva desgovernada soltando fumaça pelas ventas, vagando entre as nuvens à procura dos trilhos da retidão que conduz ao Nirvana, senti necessidade de destruir o que foi cuidadosamente arranjado; pois para todos os transeuntes, a rodovia estava definitivamente pronta e transitável. Porém, para mim, nada foi construído para ser eterno e resistindo o tempo, durar para sempre.

Então, de cabo a rabo, desliguei o mundo, esmaeci o brilho das estrelas e destruí todos os jardim/pomares que margeavam as laterais da carretera, deixando-a inóspita, escura pelo breu existente no desconhecido e inacessível para os incipientes nesse tipo de aventura. Através dessa travessia, descobri que por todos os caminhos que transito, tomei conhecimento que por todas as trilhas que deixo as minhas pegadas, sou seguido de perto por minha implacável loucura, inexorável e maquiavélica sombra da doidice. Por essas e outras insanidades, necessito de acompanhamento psiquiátrico, urgente; o leitor poderia ajudar-me? Se não pode fazer nada por mim, destarte, por favor, continue lendo a saga dos três bravios Indiana Jones brasileiros.

Completo em: © obvious: http://obviousmag.org/ministerio_das_letras/2017/10/os-tres-indiana-jones-brasileiros.html#ixzz4uyaCf9AS

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Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 09/10/2017
Reeditado em 09/10/2017
Código do texto: T6137064
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