O ENCONTRO DE DONA FRANCISQUINHA COM RAGE, O CIGANO. 1

O ENCONTRO DE DONA FRANCISQUINHA COM RAGE, O CIGANO.

Por volta do ano de 1939, na fazenda cajazeiras, dona Francisquinha teve a notícia que o bando de ciganos de Rage passou pela Zorra e se encaminhava para às suas terras. Se existia uma pessoa mais sabida para o escambo, esse era Rage, um galego nômade vindo da Europa para a Parnaíba. Não tinha no mundo de Deus quem não caísse na trapaças do cigano. Ele comprava, trocava e vendia tudo que existisse no universo de Deus. Chegando nas terras de dona Francisquinha, essa já o esperava com fardos de rapadura, sacos de farinha e carne seca de bode. Geralmente ela trocava em utensílios para os animais, muito bem fabricados pela ciganada. Dona Francisquinha Tinha uma burra de nome delgada, que de delgada não tinha nada, pois era mesma formosa, redonda e bonita. Era a burra mais linda do sertão, mais linda e indomável, pois delgado não deixava ninguém montar nela, tentativas eram muitas, mais sempre sem sucesso. Raja, depois de negociar rapaduras e farinha branca, deu uma olhada no curral e falou

-- e a tropa de burros, dona Francisquinha, tem negócio?

-- depende

--de quê?

-- a volta é que faz o anzol, respondeu Francisquinha.

-- faço negócio em todas, menos na delgada, aquela burra mulata grandona, pois é a que uso no meu dia a dia para me deslocar. Concluiu Francisquinha.

-- pois era ela mesma que estava pensando. Falou o cigano.

-- ela é o meu xodó, ninguem cavalga como ela.

-- agora que gostei dela mesmo, estou disposto a trocar em três animais da minha tropa.

-- bem, já que o amigo gostou dela, eu faço negócio, mais tem uma coisa.

-- o quê é?

-- como eu gosto muito dela, não quero vê ninguém montando na delgada, vossa mercê leva e monta nela bem longe daqui.

-- ta fechado. Concluiu o cigano.

Fred Coelho
Enviado por Fred Coelho em 11/10/2017
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