AS MEIAS MÁGICAS DO VOVÔ ABIÃO (CONTO DE NATAL)

Faz muito tempo atrás, havia um campesino que se chamava Abião. Este vovô morava numa pequena casa no alto de uma montanha.

Todos os anos para a época de Natal, os moradores de uma pequena cidade escutavam fortes e estrondosos barulhos de máquinas que vinham da montanha. Eles sabiam que de forma misteriosa o vovô Abião fabricava um tecido dourado com poderes encantados. Durante varias semanas ele confeccionava meias mágicas para as crianças do vilarejo.

Durante a noite do dia 24 de dezembro, ele caminhava escondido pelas ruas da cidade dependurando um par de meias mágicas na janela do quarto de todas as crianças. Ao amanhecer o dia 25, a criançada encontrava dentro delas pequenas moedas de ouro.

Do brilho dos raios de sol

Fabriquei um tecido vibrante

Fios de ouro, purpurina e girassol

Costurei uma meia deslumbrante

Mas num determinado ano algo muito estranho aconteceu. Quando faltava costurar o último par de meias, o vovô Abião ficou assustado quando percebeu que o tecido encantado tinha se acabado. Pela primeira vez uma criança deixaria de receber uma meia mágica dourada.

Ele ficou pensando como poderia resolver este problema, e a única solução que encontrou foi tecer um par de meias de lã de cordeiro.

Carregando uma grande e pesada sacola com todas as meias mágicas, o vovô Abião desceu pelos caminhos da montanha em direção àquela pequena cidade. Quando ele chegou ao vilarejo, todas as crianças já estavam em suas casas dormindo, pois o sino da Igreja já tocava as doze badaladas da meia-noite.

Caminhando bem devagarzinho, o campesino avistou um pequeno galpão e decidiu entrar para ver o que tinha ali dentro. Andando pé ante pé, sem fazer nenhum barulho, ele viu que um menino dormia no meio dos fardos de palha. Olhou para um lado, olhou para o outro, e observou que naquele lugar não existia nem parede e nem janela, mas somente um teto muito alto. O vovô Abião não tinha onde dependurar uma meia mágica dourada. Pois então, ele se lembrou que tinha trazido um par de meias de lã de cordeiro. Sem acordar o garotinho ele lhe vestiu os pés com a meia quentinha, se deitou ao lado dele, e lhe falou:

Com mechinhas do cordeiro

E pintura vegetal

Serei teu companheiro

Nesta noite de Natal

Quando amanheceu o dia, todos os moradores da cidade se surpreenderam porque pela primeira vez nenhuma criança recebeu um par de meias mágicas douradas.

Nos anos seguintes, durante a semana de Natal, nunca mais ninguém ouviu o barulho de máquinas na montanha.

Depois daquele ano, todas as crianças do vilarejo começaram a receber meias de lã de cordeiro para a noite do dia 24 de dezembro. Estas meias não traziam moedinhas de ouro, mas a meninada corria feliz pelas ruas do vilarejo porque se divertiam escutando o ano inteiro o balido do enorme rebanho de cordeirinhos do vovô Abião.

IMPORTANTE: A palavra balido é um vocabulário de alta complexidade, mas os adultos podem aproveitá-lo para recalcar com as crianças os sons dos animais: o gato mia, o cachorro ladra, o cavalo relincha, o galo canta, o boi mugi,o cordeiro bale...

“DESEJANDO-LHE QUE NESTE NATAL O VOVÔ ABIÃO AQUEÇA OS PÉS DE VOSSAS CRIANÇAS COM O CALOR DAS MEIAS DE LÃ DE CORDEIRO. MAS SE ACASO EM VOSSA JANELA APAREÇA UMA MEIA DOURADA COM MOEDAS DE OURO, EIS QUE A CULPA SERÁ DESSE TAL PAPAI NOEL”.

Millarray
Enviado por Millarray em 26/11/2011
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