A lenda

A paixão chegou deliberadamente

Impunemente se castigou entregando-se

Sabia que era impossível

Assim mesmo se entregou

Suspirava, desejava, queria

Sem corpo como iria fazer?

Sem passado, sem um nome...

Nunca se fazia notar

Era uma lenda, algo que não existe de fato

Um personagem de uma história banal

Como poderia ser amada?

Sem rosto, sem sobrenome, sem sombra

Ela estava lá e ele não a via

Ela acompanhava seus passos

Sabia de sua existência, sua vida

Ele gostava da brisa que beijava seu rosto

Nas tardes em que estava sozinho

Sem saber que ela o beijava assim

Gostava da sua presença sem corpo

Sem saber que era ela que estava ali

Como explicar esse amor?

Uma noite chegou, ele não dormiu

Sensação estranha de doce solidão

Assim ela se despediu...

Lugar de lenda é na imaginação

Assim ela se escondeu dentro da página do livro

Do livro que o acompanha

Na solidão das horas intermináveis

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 28/09/2009
Reeditado em 02/10/2009
Código do texto: T1835882