A BRUXA

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Coronel Honório - fazendeiro rico e viúvo precocemente - não era, nem um pouquinho, um homem virtuoso. Não senhor. Ele estava sempre "de olho" nas senhoras e senhoritas do vilarejo; olhos perscrutadores, vivos e buliçosos. Quando se encantava com uma, perseguia-a até conseguir o que queria. Depois, como uma criança que se enjoou do brinquedo, largava-a.

Ora bem, veio morar no vilarejo, uma bonita moçinha, solteira e de família não conhecida. Não demorou muito para o coronel cortejar, como um galo de quintal, a bonita mocinha.  Ela, moça pobre, começou a olhar para Honório, na esperança de arrumar a vida. Uma coisa levou à outra, e um dia, ele transformou a sua bela mocinha, em mãe solteira; e "babau", deixou-a "na mão".

Agora, o vilarejo tinha um menino, uma moça bonita, e um tempo difícil face às despesas crescentes com o filho. Ela, então, começou a fazer pressão sobre Honório para assumir as responsabilidades para com menino. Mas o som de seus soluços morreu no ouvido dele.

 Pressionado, o Coronel arquitetou um plano para eliminar a mocinha que ousava lhe afrontar. Começou a espalhar pela vila o boato de que ela era uma macumbeira, uma bruxa. Acontecera tudo tão rapidamente que a princípio, o vilarejo mal podia compreendê-lo e ficaram em estado de expectativa, como se alguma coisa mais devesse acontecer. Por isso, passaram a temê-la.

O tempo passou e, um dia, a vila incitada pelo coronel, agarrou a "bruxa" e levou-a ante os conselheiros da justiça, que, por sinal, eram "paus mandados" do coronel. Condenaram-na à morte na fogueira por sua magia. A mocinha, já mulher, gritou uma maldição ao coronel, jurando que ele, e a vila, iam carregar para sempre a marca desta injustiça.

Seu pobre filho foi obrigado a assistir sua mãe ser queimada como bruxa. Quando o fogo queimava o corpo de sua mãe, um dos braços caiu próximo a fogueira; seu filho, correndo, atravessou a multidão e, frente à fogueira, pegou o braço e fugiu. Era a única parte de sua mãe que lhe sobrou para enterrar.

Depois da morte do coronel, uma grande pedra tumular foi erguida em sua honra. Algumas semanas mais tarde, uma estranha descoloração começou a se formar sobre a pedra. Era a imagem de um braço de mulher. A lembrança da mulher e sua maldição assustaram o povo da vila; trouxe-lhes a insônia, pois aquilo representava algo fora das leis naturais que conheciam.

Quando uma idéia muito forte obceca uma criatura no momento de morrer, basta isso para mantê-la presa a este mundo material. Tudo provem de um desejo violento, e só quando esse desejo se satisfaz o espírito se acalma.

 Removeram a pedra tumular e a atiraram no rio que "atravessava" a cidade. Mas a pedra reapareceu na sepultura do coronel, com a imagem do braço ainda a marcá-la. Quebraram a pedra em pedaços, e colocaram uma nova lápide na sepultura. E o fato se repetiu: a imagem do braço reapareceu na nova pedra, que não pôde mais ser removida, por mais que tentassem. Ela permanece lá até hoje.  Lembrança de uma pobre menina enganada em sua inocência e, depois, assassinada pelo Coronel Honório. ®Sérgio.

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Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 21/10/2009
Reeditado em 05/08/2013
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