Tarde e Raquel olhava pela janela de sua casa. Uma lua cheia deixava clarões, iluminava a rua onde morava. Uma brisa cortava o ar, tocando no rosto cansado de Raquel. Aos trinta anos, magoada, observava a rua e imaginava a sua clausura, cercada pelas paredes.
          Raquel saiu da janela e voltou para a sua sala. Sentou-se à frente de sua TV. Como se olhasse as imagens, mas na verdade navegava em seus pensamentos. Pegou o livro O TEMPO E O VENTO de Erico Veríssimo e começou a ler.
           Rogério saiu para o trabalho, juntou alguns documentos e colocou em uma pasta. Pegou um envelope pardo e colocou o seu livro de cabeceira, SE HOUVER AMANHÃ de Sidney Sheldon, para dar uma olhada no intervalo para o almoço.
           Raquel levantou e se preparou para o trabalho, pegou seu livro de cabeceira, colocou em um envelope pardo e se encaminhou para a rua. Após uma breve caminhada parou em uma cafeteria. O estabelecimento estava lotado, mas ela percebeu um lugar onde um homem ocupava uma cadeira. Raquel pediu licença e se sentou. O Sr que se encontrava na mesa mal levantou a cabeça para cumprimentá-la e continuou devorando o seu café. Raquel tomou o seu café e partiu para o trabalho. Passado alguns minutos de caminhada Raquel percebe que não estava carregando o seu envelope pardo e corre para a cafeteria. Chegando à cafeteria o garçom a avisou que guardara o envelope e a entregou, satisfeita caminhou para o seu trabalho.
          Durante o dia de trabalho Raquel não teve tempo nem para o horário de almoço, no fim do dia foi para casa. Cansada, Raquel tomou um banho, jantou e caminhou para a janela para ver o tempo. Passado alguns minutos ela sentou-se em seu sofá, pegou o envelope pardo e retirou o seu livro. Assustada firmou os olhos para ler o título do livro, Se Houver Amanhã de Sidney Sheldon.
          Raquel ficou confusa, tentando imaginar o que acontecera, pensou em furto ou algo parecido, após alguns minutos de confusão mental olhou para o lado e resolveu folhear o livro.
          Depois de três horas de leitura Raquel deixou o livro de lado e foi para a cama, mas de sua cabeça não saia a História de Trace Whitney.
           Rogério levantou cansado, ficara até tarde lendo o seu livro de cabeceira. Envolvido no relacionamento de Ana Terra com o vento.
           Raquel já perdera a noção de onde tinha deixado o seu livro e resolveu continuar lendo um Romance de outro país. Rogério toda a noite pegava o seu livro de cabeceira e se apaixonara pela força do gaucho da época retratada, forte, machista, mas que sofria de amor, por amor com a alma verdadeira de quem ama.
          Raquel tinha se decidido procurar e entregar o livro ao dono, mas algo nela a levava a acreditar que deveria terminar e chegar até o fim. Trace Whitney lutava para destruir o mestre do crime que a colocou na prisão por quinze anos. Rogério se lançará em uma procura da leitura que completaria a Trilogia de O tempo e o Vento. Sua mente mantinha a idéia fixa de devolver ao leitor o seu livro, mas sua mente não se continha, tinha que terminar o livro.
           Raquel estava sentada lendo o livro angustiada em terminar, quando passa para a última página. Após o ultimo parágrafo ela percebe, escrito à caneta um nome e um telefone. Ela olha para o telefone de sua casa e estica a mão para discar aquele número, quando o telefone toca:
          - Alô. – Falava Raquel.
          - Boa noite, desculpe ligar a esta hora é que estou com o seu livro o meu nome é...
          Antes que Rogério se identificasse, Raquel responde:
          - Rogério!
          Depois deste breve comentário, ambos decidiram trocar de livros na mesma cafeteria que houve a confusão, mas esqueceram de dar alguma referência para se identificarem.
           Raquel se levantou entusiasmada, colocou a roupa de trabalho e partiu para a cafeteria. Em sua mão um envelope pardo com o livro SE HOUVER AMANHÃ. Ao chegar à cafeteria lembrou que não tinha como identificar Rogério, mas ao entrar observou um homem, sentado no fundo com um envelope pardo sobre a mesa. Raquel caminhou temerosa em direção a mesa. Rogério levantou a cabeça e ao olhar aquela moça bela caminhando com um envelope pardo abriu um grande sorriso logo retribuído por Raquel, então Raquel sentou:
          - O que achou do livro? – Falava Rogério, sem ao menos cumprimentar Raquel, apenas falou.
          - Amei cada página, cada momento, cada sentimento, o que achou do livro? – Respondeu Raquel.
          - Amei cada página, cada momento, cada sentimento. Como se lesse o livro e a dona? – Respondeu Rogério.
          - Realmente, este livro é para as mentes que amam e sabem amar, como deve ser o dono!
          Rogério abriu o envelope pardo e retirou um livro amarrotado, com as páginas dobradas, nada que lembrava o livro que Raquel estava lendo. Rogério a olhou e pediu mil desculpas. Raquel retirou o livro que carregara. Amassado bem folheado, então Raquel olhou para Rogério e falou que lhe desculparia se ele a desculpasse. Então Rogério colocou a sua mão sobre a de Raquel e lhe falou:
          - Eu não sou acostumado a tomar estas liberdades, mas eu tenho que lhe falar que Se Houver Amanhã terá que ser com você. – E Raquel respondeu.
          - Se não estiver enganada Rogério, seguiremos como O Tempo e o Vento!

           Fim