A verdadeira história do Saci

Saduci era um lindo príncipe africano, era muito forte e corajoso. Vivia muito feliz em sua terra natal até o dia em que portugueses chegaram e sequestraram muitos africanos. Entre eles estavam Saduci e toda a sua família.

Foram levados para o Brasil num navio apertado, sujo e cheio de doenças. Dessa forma muitos sofreram e até morreram no percurso.

Os africanos sofridos e maltratados pediam ao rei que tomasse providências. O rei e a rainha morreram sem conseguir fazer nada para mudar a situação. Apesar de Saduci ser muito jovem, bondoso e muito alegre prometia vingança aos seus.

Quando desceram no Brasil foram escravizados e muito maltratados pelos portugueses. Foram forçados à trabalhos pesados e apanhavam muito para obedecer.

O pequeno príncipe sofria muita perseguição, mas incentivava todos a trabalharem direito para não sofrerem muito. Prometia que quando conseguisse se libertar, salvaria seu povo e se vingaria dos brancos.

Os anos se passaram, Saduci crescia forte e decidido. Se tornara um rapaz muito respeitado pelos seus. Seu povo sempre o procurava para tudo.

Os portugueses perceberam que seus escravos andavam depositando muita esperança nas promessas do rapaz. Passaram a arquiitetar um plano para desmoralizá-lo publicamente. Deduziram que se apenas o matassem teriam um mártir, um herói, ainda que morto.

Um dia armaram-lhe uma cilada: o pegaram e bateram muito nele e jogaram-no semi-morto na mata.

Os escravos se reuniram para cuidar do príncipe tão querido. Fizeram tudo que estava em seu precário alcance. Dedicaram-lhe tempos furtivos e finalmente puseram-no de pé.

O povo, ao perceber que seu amado príncipe sofria perseguições atrozes, conseguiu enviá-lo para um quilombo muito bem escondido na mata.

Apesar de torturados, muitos até morreram, não revelaram o esconderijo.

O negro Saduci ficou escondido na mata com alguns companheiros e de lá ajudava outros a fugirem. Se entranhava pela mata melhor do que ninguém. Às vezes passava muitos dias amoitado pela floresta para conseguir seu objetivo. Costumava usar um cachimbinho sempre aceso para fazer fogueira quando acampava. Cuidava dos feridos que chegavam até ele, sempre com muito carinho e palavras de conforto. Espantava os intrusos da mata (para proteger seu esconderijo). Para sinalizar para o seu povo acenava com um pano vermelho (código entre os negros de que a barra estava limpa). Depois de um certo tempo passou a usar um gorrinho vermelho no lugar do pano.

Certo dia, os capitães do mato conseguiram pegar Saduci e bateram muito nele para servir como exemplo. Só não mataram porque preferiram arrancar-lhe uma perna para amendrotar os de sua raça. O príncipe Saduci conseguiu se recuperar com a ajuda de todos e voltou pro seu esconderijo.

Era muito penoso andar numa perna só mas Saduci superou esse obstáculo e andava tão bem quanto qualquer pessoa que tivesse as duas pernas. Aprontava cada vez mais com quem invadisse o seu território na mata, e quase enlouquecia os portugueses com sua esperteza e agilidade. Os donos dos escravos também acampavam pela floresta, com os capitães do mato, por longos dias no encalço de Saduci. Este era tão esperto que chegava a passear pelo acampamento azedando os leites, queimando o arroz e dando nó nas crinas dos cavalos para atrasar a todos.

Um dia mataram-no... e conta a lenda que, mesmo depois de liquidado, ele sempre aparecia na mata com seu cachimbinho, assombrando à todos e despistando os perseguidores do seu povo.

Entre os brancos era contada com muito escárnio para não encorajar alguns pretensos heróis. Chamavam-no de negrinho Saci Pererê, rei das traquinagens. Espalhavam que não passava de um arruaceiro que dava nó em crinas de cavalo.

Mas entre seu povo a história do valente Príncipe Saduci sempre foi contada com muito orgulho.

ACHEI QUE AS CRIANÇAS AFRO-DESCENDENTES PRECISAM DE HISTÓRIAS BONITAS PARA TEREM ORGULHO DE SI MESMAS E NÃO SÓ HISTÓRIAS DE DOR E SOFRIMENTO.

COLECIONO HISTÓRIAS DESSE GÊNERO, QUEM TIVER ALGUMA E QUISER ME INDICAR ME DEIXARÁ IMENSAMENTE FELIZ.

Emy Moraes
Enviado por Emy Moraes em 14/05/2012
Reeditado em 13/06/2012
Código do texto: T3668218
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