Madalena

O céu estava escuro, coberto por trevas, assim como o seu coração. Ela não podia acreditar que ele estivesse morto, ele, o seu melhor amigo, seu salvador, o amor de sua vida, o único homem que a havia amado sem segundas intenções, que a havia perdoado, estendido sua mão e a resgatado da morte. Agora ele estava morto. Toda a esperança havia morrido com ele.

Ela se lembrou da primeira vez que o vira. Estava sendo arrastada pelos cabelos, já havia recebido várias bofetadas, cuspes vinham de toda a parte. Ela deveria morrer, é o que a lei dizia. Havia sido pega adulterando, ganhando o seu sustento, não tinha outra renda a qual recorrer a não ser o seu próprio corpo. Arrastaram-na em sua direção, jogaram-na aos seus pés, apontaram-lhe o dedo e acusaram o seu pecado.

Ele ajoelhou-se, segurou o seu rosto entre as mãos, olhou profundamente em seus olhos, em seu olhar não havia acusação, não havia julgamento, não havia ódio; havia compaixão, amor, compreensão, paz e segurança. Ele sussurrou que tudo ficaria bem, “Confie em mim” disse ele. Levantou-se, virou de costas e disse “Aquele que está sem pecado, que atire a primeira pedra”.

Um por um foram deixando rolar suas pedras ao chão e envergonhados haviam ido embora. Só os dois restaram. “Onde estão os teus acusadores?” ele perguntou. Quase sem poder responder, ainda com lágrimas a rolar pelo seu rosto ela disse: “Todos foram embora.” Então ele respondeu “Nem eu te condeno, vá e não peques mais.” E foi exatamente o que ela fez. Deixou tudo para traz e seguia-o onde quer que ele fosse.

Agora ela olhava fixamente para o seu túmulo, seus sonhos e esperanças estavam enterrados lá com ele. Chegando mais perto, notou que a pedra que tampava a entrada do sepulcro havia sido tirada. Correu até lá e viu que o corpo não estava mais lá. Aterrorizada, imaginou que houvessem roubado o corpo de seu mestre.

Olhando ao redor viu um jardineiro, chegou perto e disse: “O que fizeram com ele? Onde o colocaram?”. Uma voz doce e cheia de amor disse: “Maria, sou eu. Não me reconhece?” Maria Madalena ajoelhou-se aos pés de seu mestre, que estava morto e ressuscitou; seu grande amor, que do profundo desespero e desesperança trouxe de volta seus sonhos, sua felicidade.

“Vai e avisa aos meus discípulos que estou vivo e logo irei vê-los.” Disse ele. Maria Madalena foi a primeira a ver Jesus ressuscitado, foi a porta voz de sua ressurreição. Sua vida enfim teve um sentido, um propósito. Ela agora fazia parte da história, estava totalmente realizada. Sua esperança estava mais viva do que nunca.

“Quem mais foi perdoado, mais amou.”

Priscila Pereira
Enviado por Priscila Pereira em 19/04/2014
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